Dr. Antonio Maspoli
SOLOMON (2002) lista inúmeras formas de tratamentos. O século XX, marcado pelo cientificismo, foi palco do antagonismo entre a fé e a razão, a religião e a ciência. A psiquiatria (e mesmo a psicologia) considerava a intervenção religiosa sobre a depressão com certa desconfiança. Esse quadro está em rápida mudança. O tratamento da depressão atualmente recomenda a utilização de algumas estratégias conjugadas: (a) tratamento psicofarmacológico; (b) tratamento espiritual; (c) tratamento psicoterápico ou psicológico; (d) qualidade de vida; e (e) acolhimento do grupo familiar e da comunidade.
Estratégia psiquiátrica: os antidepressivos
O primeiro passo no tratamento é consultar o médico, que irá estabelecer as causas bioquímicas. Ele precisa reconhecer os sintomas e saber por quanto tempo o paciente tem se sentido deprimido. A visita pode incluir exame físico e testes laboratoriais. Descartados problemas físicos, o médico pode então elaborar um plano de tratamento, incluindo consultas periódicas, medicação antidepressiva, psicoterapia, apoio familiar e de amigos − meios reconhecidamente eficazes no tratamento. Orientação, entendimento e cuidado nas dosagens das medicações são providências fundamentais.
O médico e/ou psicólogo poderá fazer algumas perguntas, como: Alguém em na família sofre de depressão? O paciente está tomando algum medicamento? Sofreu alguma alteração ou perda importante na vida? Tem tido alterações no sono ou no apetite? Tem pensado em morte ou em suicídio? Tem dificuldade de se concentrar no trabalho? Tem sentido mudanças no desejo sexual?  (FIERZ, 1997, p. 370-371).
A depressão é uma doença a não se subestimar e que se pode tratar com ótimos resultados, uma vez que se recorra a meios seguros e eficazes. O diagnóstico de depressão é, de fato, um primeiro passo, seguido da identificação exata do tipo de depressão e da reconstrução da história do paciente, a fim de que o problema seja devidamente categorizado. Somente de posse desses dados é que o médico pode prescrever o tratamento.
Para estabelecer com a máxima precisão o tipo e o grau de depressão, os especialistas dispõem de diversas escalas elaboradas a partir de questionários a que o paciente responde. Com base na pontuação e na interpretação das respostas pelo psicólogo, é possível obter indicações sobre a gravidade da doença e selecionar o tipo de terapêutica a ser empregada.  Atualmente, a solução ideal prevê a associação da psicoterapia aos psicofármacos, qualidade de vida e orientação espiritual. Seja qual for o caso, é necessário iniciar o tratamento de imediato, ou seja, aos primeiros sinais da doença, possibilitando resposta eficaz do paciente.
“Nenhum psiquiatra negará que a farmacoterapia moderna tornou o tratamento da depressão consideravelmente mais fácil e mais rápido. Entretanto, ela não tornou a psicoterapia supérflua. Se a depressão for tratada simplesmente com drogas, o paciente amiúde se sente uma pessoa desprezível. Ele sofre como pessoa, de modo que quando o tratamento consiste simplesmente em comprimidos e injeções, ele fica com a impressão de que não está sendo tratado por médicos, e sim por veterinários − frase usada por Manfred Bleuler em um simpósio que ocorreu no hospital psiquiátrico da Universidade de Zurique.” (FIERZ, 1997, p. 374).
Os fármacos antidepressivos atuam sobre os sistemas do cérebro que regulam a transmissão nervosa e, concretamente, sobre os neurotransmissores serotonina e noradrenalina, diretamente envolvidos na origem da depressão. O princípio que está na base do seu funcionamento é o de aumentar o nível desses mediadores químicos, potencializando seus efeitos em nível cerebral, e reequilibrando, no tempo, os mecanismos neuronais alterados pela doença.
Na prática, os fármacos impedem que a serotonina e/ou as noradrenalinas sejam absorvidas pelos neurônios que as produzem, de modo a poderem chegar ao destino. Isso faz com que os neurotransmissores consigam desempenhar corretamente a sua função, que consiste em transportar mensagens eletroquímicas entre os neurônios. Via de regra os fármacos são eficazes em cerca de 80% dos casos de depressão, independentemente da causa que se encontra na sua origem. A ação dos fármacos começa a ter os seus primeiros resultados após um período entre duas e três semanas de administração diária, podendo ser necessário uma administração mais prolongada para se obter o máximo de eficácia.
Os principais medicamentos utilizados no tratamento da depressão são:
“Quatro classes de antidepressivos estão disponíveis atualmente. A mais popular são os ISRSs, que acarretam níveis mais altos de serotonina no cérebro. Prozac, Luvox, Paxil, Zoloft e Celexa são todos ISRSs. Os tricíclicos, assim denominados por sua estrutura química, afetam a serotonina e a dopamina. Elavil, Anafranil, Norpramin, Tofranil e Pamelor são todos tricíclicos. Os inibidores da monoamioxidase (IMAOs) inibem o colapso da serotonina, dopamina e norepinefrina. Nardil e Parnate são ambos IMAOs. Outra categoria de drogas que operam em sistemas neurotransmissores múltiplos é chamada de Antidepressivos Atípicos.” (SOLOMON, 2002, p. 108).
Portanto, há hoje no mercado uma gama de medicamentos que abrange com eficácia basicamente todos os tipos de depressão: (a) para a depressão devido a alterações predominantes da serotonina, há os ISRSs, os inibidores seletivos da recaptação de serotonina; (b) para a depressão devido a alterações predominantes em serotonina e noradrenalina, há os IRSNs, os inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina; (c) para depressões devido a alterações predominantes em noradrenalina e dopamina, há a bupropiona, inibidor da recaptação de noradrenalina e dopamina; e (d) para depressões com alteração de vários mediadores químicos combinados, há os tricíclicos.
Na categoria dos antidepressivos atípicos estão o Asendin, o Wellbutrin, o Serzone e o Efexor, considerados inibidores da recaptação de noradrenalina e dopamina. O mais utilizado deles é a bupropiona, com o nome no mercado de Wellbutrin e/ou Zetron. Tal medicação é controlada, produz riscos de dependência química e somente deve ser utilizada mediante prescrição e acompanhamento médico. Hoje a maioria dos antidepressivos já não são mais classificados como tarja preta.
Estratégia psicológica: a psicoterapia
A depressão produz alterações neurológicas, bioquímicas e psicológicas. Na crise de depressão, o paciente deve ser encaminhado para a psiquiatria (KAPLAN; SADOCK; GREBB, 2007, p. 320-324). Após a necessária e devida medicação, deve ser conduzido também a tratamento psicológico, recomendado especialmente quando o remédio começa a produzir efeito e o paciente começa a melhorar.
“Ademais, o problema psicológico ligado à depressão não é solucionado com drogas, sendo, com frequência simplesmente reprimido, o que naturalmente, não pode ser bom para o prognóstico de longo prazo. Por conseguinte, a aceleração do tratamento através do medicamento exige particular cuidado e atenção da parte do terapeuta. Quando a depressão regride, o problema psicológico (o pequeno peixe) pode emergir repentinamente, mas também pode desaparecer de novo, igualmente de repente. É por isso que temos que ter em mente o princípio hipocrático: ‘A arte é longa, porém o momento é efêmero’.” (FIERZ, 1997, p. 374).
Existem muitas formas de psicoterapia, como a Terapia Cognitiva Comportamental, a Psicoterapia Psicodinâmica Psicanalítica e a Análise de Carl Gustav Jung, à qual nos detemos neste livro.
Psiquiatra suíço, Jung conceitua a personalidade como uma dimensão psíquica do ser humano em sua totalidade. Essa totalidade envolve tanto fenômenos conscientes quanto inconscientes. Para ele, a psicologia tem como objeto a psique. Um dos pontos fundamentais é a ideia de que o inconsciente não é um simples depositário de experiências passadas, desejos ou instintos reprimidos. O inconsciente é criativo: pode conter a base de futuras situações psíquicas e ideias novas. É uma parte tão vital e real da psique quanto a consciência e o ego.
Em sua profícua experiência clínica, Jung percebeu que o inconsciente se transforma e provoca mutações ao longo da vida. Sofre metamorfose no decurso da existência humana. Esse desenvolvimento psíquico, chamado de processo de individuação, é um crescimento em direção ao si mesmo (self), a expressão da totalidade psíquica. Por meio de sua consciência, o homem pode participar ativamente de seu próprio  desenvolvimento humano. Desse modo, do confronto e do relacionamento entre consciente e inconsciente vai surgindo uma personalidade amadurecida, fruto de uma síntese cada vez maior. Consciente e inconsciente são complementares − e não opostos entre si.
Jung adota uma explicação da depressão considerando seus aspectos redutivos, negativos, bem como seus aspectos progressivos, positivos. Quanto aos aspectos positivos, Jung postula que a doença mental é a melhor condição da mente humana diante da realidade. A mente adoece para preservar sua própria psique, sua própria sobrevivência. A depressão está ligada à regressão em seus aspectos regenerativos e enriquecedores. A energia psíquica volta-se para o próprio indivíduo em um processo forçado de introversão. A energia introjetada que permanece represada precisa ser consumida no sofrimento, na dor, na angústia e, até mesmo, na apatia (JUNG, 1994, p. 199-219).
A abordagem junguiana procura reforçar aquilo que ainda existe de saudável e bom no sujeito. Procura fortalecer seus vínculos familiares, suas crenças religiosas, e tem por objetivo dialético adaptar o sujeito ao seu mundo e transformar a consciência do indivíduo para que este participe do processo de transformação alquímica e espiritual de sua existência. A análise junguiana postula uma posição positiva em relação à família, ao grupo social e à própria religião do sujeito (JUNG, 1988).
“A depressão deve ser considerada como um fenômeno de compensação inconsciente, cujo conteúdo para alcançar eficácia plena deveria tornar-se consciente. Isso pode ser feito se se acompanhar a tendência depressiva e regredir conscientemente, integrando assim ao consciente as reminiscências animadas. Isto corresponde ao objetivo da depressão.” (JUNG, 1986, p. 390).
Jung considera o sistema psíquico como um sistema entrópico, no qual a energia deveria ser distribuída por todo sistema nervoso central de forma equânime. Nem sempre a depressão é encarada como uma enfermidade. Na maioria das vezes, é o melhor estado da mente humana diante de situações estressantes. Ante a possibilidade de desorganização mental, a psique opta pela depressão. Esse é o caso, por exemplo, da depressão que antecede a segunda fase da vida, aquela da meia-idade. Ela pode significar a morte do homem da juventude e, positivamente, a preparação da psique para novas vivências, que poderão ser experimentadas pelo homem da maturidade.
Enquanto a juventude precisa morrer, a velhice precisa de espaço e condições apropriadas para nascer. O meio-dia, quando o sol está na plenitude de sua força, pode representar também o início do ocaso, com toda a sua beleza e limitação. Estar deprimido pode significar a antessala do processo criativo. Daí porque a depressão sempre acompanha aquelas mentes inteligentes e sensíveis em seu processo criativo. Antes de encaminhar o paciente que se queixa de depressão para tratamento psicoterápico, é necessário fazer um diagnóstico diferencial médico-psiquiátrico.
“É desnecessário dizer que a natureza psicológica das constatações de natureza psicológica não nos exime do dever de realizar um diagnóstico médico diferencial, visto que a doença física pode começar com sintomas depressivos. As moléstias a serem consideradas neste contexto são a nefrite com suburemia, a diabetes melitus, doenças cardíacas, envenenamento por bissulfeto de carbono, e outros distúrbios tóxicos; há também as doenças neurorgânicas incipientes, como a arteriosclerose, o mal de Parkinson, o tumor cerebral, ou a esclerose múltipla (FIERZ, 1997, p. 370-371).
A lista de doenças que pode produzir depressão é imensa. Pode se acrescentar o hipotireoidismo e outras. O tratamento da doença física, todavia, não é garantia de cura para a depressão, a considerar que esta ser multicausal. A cura da doença física não comprova que a depressão observada não tinha aspectos puramente psicológicos. Às vezes, a depressão é a ponta do iceberg de problemas psicológicos mais profundos. A depressão pode se originar, por exemplo, em abuso físico ou sexual na infância, no luto e na perda do amor da vida, luto e perda de sentido da vida. Traumas os mais diversos – e por aí afora.
“Essas depressões frequentemente têm origem dual, por assim dizer. Sob a pressão de um distúrbio físico, pode vir à tona que havia muita coisa psicologicamente errada com o paciente; o distúrbio físico provocou a descompensação de uma psique que estava longe de estar estável. O desaparecimento do distúrbio físico, então, conduz a renovada compensação da psique, o que não significa, contudo, que tudo está psicologicamente como deveria estar. Uma atitude psicológica iria exigir, portanto, que, apesar dos componentes físicos, os sintomas depressivos que se apresentavam devem ser cuidadosamente anotados e seus conteúdos levados a sério (FIERZ, 1997, p. 372).
Existe uma forte evidência de que a depressão envolve alteração em vários aspectos da imunidade que podem não só contribuir para o desenvolvimento ou exacerbação de um número de distúrbios médicos, mas também contribuir para a patofisiologia da doença em si. Nesse sentido, a gestão agressiva de transtornos depressivos em populações clinicamente doentes ou indivíduos em situação de risco para a doença podem melhorar a evolução da doença ou prevenir o desenvolvimento dela.
Por outro lado, à luz dos dados que surgiram de que os processos imunológicos podem interagir com vias patofisiológicas para contribuir para a depressão, novas abordagens para o tratamento da depressão pode atingir os aspectos relevantes da resposta imune. Tomados em conjunto, os dados fornecem evidências convincentes de que um quadro psicoimunológico de referência pode ter implicações profundas sobre as consequências e tratamento da depressão (BAUER, 1993).
O funcionamento alterado do sistema imunológico pode contribuir para a mortalidade de pacientes depressivos, incluindo o risco de doença infecciosa e os distúrbios inflamatórios. Algumas pessoas com depressão apresentam redução de células e as respostas imunológicas que são associadas com a suscetibilidade à doença infecciosa. Conforme mencionado, outros estudos relatam que a depressão está relacionada com a ativação imunológica em pacientes com distúrbios inflamatórios, tais como a artrite reumatoide.
A depressão também pode representar a perda da energia vital reprimida – orientada contra o próprio self – trazendo em si uma tendência para o suicídio; tristeza; fuga das pressões da realidade – (de)pressão – incapacidade de viver e mesmo de morrer; bloqueio da ira, da sexualidade e da agressividade; medo de responsabilidades; fuga da realidade; fuga da vida; fuga da morte (DAHLKE, 1996, p.141-142).
“Esta é uma das maneiras possíveis de se produzir uma perda de energia. A outra consiste numa perda não ocasionada por um mau funcionamento do consciente, mas por uma ativação espontânea dos conteúdos inconscientes que afeta o consciente secundariamente. Na vida humana existem os momentos de virar a página. Aparecem tendências e interesses até então não cultivados; ou se anuncia uma mudança de personalidade (chamada mudança de caráter). Durante o período de incubação de tais mudanças é frequente verificar-se uma perda de energia do consciente: a nova evolução retirou do consciente a energia de que necessitava. É no período que precede as psicoses que essa baixa de energia aparece mais nitidamente ou, então, na calma e no vazio que antecedem as novas criações.” (JUNG, 1975, p.172).
Essa perda de energia se reflete no organismo como um todo. Na depressão a força muscular diminui, pois os músculos não mais comportam tônus algum. O peristaltismo intestinal fica reduzido. O rendimento cardíaco permanece comprometido e a sexualidade diminui. A respiração fica mais lenta e mais difícil. A depressão afeta sobretudo a imunidade do sujeito (SAMUELS et al, 1986, p. 193).
O self passa a consumir tal energia em um sofrimento constante. Esse modelo leva o paciente a compreender as causas e o sentido da depressão. Busca não só o porquê do sofrimento, mas o para quê. Na análise, o paciente precisa compreender não só as causas da depressão, como também a necessidade de reformular suas atitudes perante a vida cotidiana.
Essa reformulação envolve as atitudes como: retirar-se da pressão da vida cotidiana; buscar o essencial por meio da contemplação e da meditação; buscar o centro de si mesmo e da própria existência; adentrar o medo até ver ruírem as defesas que causam a repressão da energia e produzem a depressão; aprender a enfrentar e responder aos desafios da existência humana; aceitar a mortalidade do corpo e a transcendência da alma; acordar para as próprias necessidades; reconciliar-se com o biorritmo próprio; encontrar o sentido da vida para dar vazão à energia represada; aceitar conscientemente os próprios papéis sociais; procurar resolver os problemas do sono; criar uma rotina para si mesmo e cumpri-la; encontrar formas saudáveis para expiar as próprias culpas, sejam reais ou imaginárias (JUNG, 1988, p. 495-514).
A depressão pode ser neurótica ou psicótica. Embora tenha sempre como ponto de partida a queixa do paciente, a análise procura envolver a história de vida, o presente e o futuro dentro do contexto da pessoa analisada. O analista busca compreender o sintoma apresentado dentro do processo de individuação vivenciado pelo sujeito numa concepção holística do doente e da doença. A técnica é sempre um esquema sem alma e quem considera a psicoterapia como simples técnica corre, no mínimo, o perigo de cometer erros irreparáveis. Um médico consciencioso deve ser capaz de duvidar de todas as suas técnicas e teorias, caso contrário cai nas malhas do esquema − e esquema significa estupidez e inumanidade.
“Realmente é impossível fazer o tratamento da alma e da personalidade humana, isolando umas partes do resto. Nos distúrbios psíquicos talvez apareça com maior clareza do que nas doenças físicas, que a alma é um todo, onde tudo depende de tudo. Com a sua neurose, o doente não nos põe em presença de uma especialidade, mas de toda uma alma, e com ela, de todo um mundo; essa alma depende dele, e sem ele nunca será possível entendê-la satisfatoriamente.” (JUNG, 1988, p. 91).
A análise junguiana (EISENDRATH; DAWSON, 2002, p. 101-127; 183-212) é um relacionamento dialético de longo prazo; no mínimo, dois anos de duração. Consiste em um trabalho dirigido para a investigação do inconsciente do paciente, seus conteúdos e processos, a fim de aliviar uma condição psíquica sentida como problemática para a vida cotidiana, posto que já interfira nas relações, no trabalho, na administração do tempo e até mesmo nos estudos do paciente.
“Muitas vezes me perguntaram qual era meu método psicoterapêutico ou analítico; não posso oferecer uma resposta unívoca. Cada caso exige uma terapia diferente. Quando um médico me diz que “obedece” estritamente a este ou àquele “método”, duvido de seus resultados psicoterapêuticos. (…) As psicoterapias e as análises são tão diversas quanto os indivíduos. Trato cada doente tão individualmente quanto possível, pois a solução do problema é sempre pessoal. (…) uma solução falsa para mim pode ser justamente a verdadeira para outra pessoa. (…) cada doente exige o emprego de uma linguagem diversa. Assim, numa análise, posso falar uma linguagem adleriana, em outra, uma linguagem freudiana (JUNG, 1975, p. 120).
No processo de análise, considera-se a existência dos mitos, símbolos, ritos e arquétipos pessoais a fim de integrá-los na consciência dentro do processo de cura. Este processo visa estabelecer uma relação terapêutica que integra na consciência do sujeito sua experiência objetiva e subjetiva, seus traumas e complexos na relação com o analista. Considera-se ainda a importância dos arquétipos para a estrutura da mente e da personalidade do sujeito. Considera-se especialmente a própria experiência de vida do sujeito a fim de ressaltar a sua capacidade de superação e mudar a sua autobiografia.
Diferentemente da psicanálise, a psicologia analítica de Carl Gustav Jung considera a transferência e a contratransferência como duas faces de uma mesma moeda no trabalho de análise. Jung identificou, em 1929, quatro estágios no processo de análise: (a) a catarse ou estágio da escuta ou confissão; (b) a elucidação ou interpretação do material confessado; (c) a educação; e (d) a transformação (JUNG, 1988).
Catarse, ab-reação ou purificação. Essa seria, na verdade, a aplicação científica de umas práxis religiosas, ou seja, a escuta e a confissão. A escuta corre da parte do analista. A confissão serve para aliviar as tensões do sistema nervoso central, a fim de restabelecer o equílibrio da psique e colocar o sujeito que confessa de volta à comunidade dos homens. A confissão é a parte mais difícil da análise, posto que se espera que o sujeito seja verdadeiro em sua narrativa.
Elucidação ou interpretação. Visa trazer à consciência a mensagem que está sendo, dia após dia, comunicada pelo sintoma. O sintoma é encarado como a linguagem de um trauma ou mesmo de um conflito ético, moral ou espiritual que está emergindo na consciência do sujeito. A interpretação visa integrar a energia do sintoma da psique consciente do sujeito. Neste processo, a análise dos sonhos é de fundamental importância.
Educação. O paciente é instigado a viver de acordo as possibilidades e os limites de sua descoberta pessoal no processo de análise. Essa fase se assemelha ao conceito psicanalítico de elaboração. Não basta se conhecer, necessário se faz aprender a viver consigo mesmo.
Transformação. Corresponde às transformações que devem ocorrer na vida do paciente a partir do processo de análise. Este processo deve ser vivenciado pelo paciente sabendo que “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é” (ad tempora).
O terapeuta precisa transmitir calma e tranquilidade ao paciente que sofre de depressão, encarando ele próprio a depressão como um fenômeno tipicamente humano. Só as pessoas inteligentes e sensíveis sofrem desta enfermidade (FIERZ, 1997, p. 141-142). O paciente precisa restabelecer e seguir a rotina em seu dia a dia. A depressão desorganiza o sentido e a percepção do tempo. A rotina é importante para lhe devolver esse sentido.
“Deve ser estabelecido um programa cotidiano durante o tratamento, se possível em série com a terapia ocupacional. Em sua depressão desestruturada, o paciente caiu fora do tempo, por assim dizer, e é por isso que as horas que dividem o dia precisam se tornar novamente visíveis.” (FIERZ, 1997, p. 372).
Em uma atitude absolutamente fenomenológica, o paciente precisa compreender cada sintoma que se apresenta à luz da sua depressão. A compreensão dos sintomas como próprios do quadro depressivo o auxilia e pode minorar seu sofrimento psíquico.
“O paciente precisa ser repetidamente examinado, e os sintomas observados devem ser descritos e explicados para ele várias vezes. Por exemplo, se o paciente descobrir que o terapeuta sabe como os deprimidos podem se sentir fisicamente fracos, ele sentirá que é compreendido. Em geral, através de exames e explicações, devemos tentar fazer com que o paciente perceba os aspectos comuns e típicos do seu estado, visto que ele se sente ameaçado por algo estranho e incompreensível.” (FIERZ, 1997, p. 372).
Interpretação de fragmentos da análise de um deprimido
M., empresário, 40 anos. Queixa-se  de depressão há mais de dez anos. A depressão o levou à falência da sua primeira empresa e destruiu seu primeiro casamento. Durante três meses M. expressa a dor da depressão por meio de choro e soluços contínuos. Praticamente não fala. Prostra-se na poltrona do consultório e mergulha na sua dor. Afirma que a sua maior dor é a dor de estar vivo. Descreve-a de forma física e visceral. Uma dor profunda. Pouco a pouco a dor de M. se acalma e ele enfim descreve sua infância.
“Doutor, sou órfão de pais vivos. Meu pai, um alcoólatra inveterado e sempre muito agressivo, nunca percebeu a minha presença. Minha mãe, uma vítima ressentida. Os dois brigavam muito. Meu pai batia nela. Era horrível assistir àquela cena todos as noites. Eu ficava num canto. Jogado. Largado. Morrendo de vergonha de ter nascido naquela família. Minha fantasia preferida era que eu estava invisível. Nasci e cresci invisível, doutor. Dá para acreditar? Sozinho, mergulhado em meus próprios sentimentos, fantasias e devaneios, eu me acostumei com a depressão como um lugar de refúgio. Ali ninguém me molestava. Cresci dominado por um sentimento de abandono e desamparo quase infinito. O abandono e o desamparo da depressão.”

  1. sofria de pesadelos constantes − os mais comuns são contados abaixo. O cenário pode mudar, mas o sonho e a sensação permanecem os mesmos.

“Doutor, é muito estranho. Sonho sempre o mesmo sonho. Estou deitado, dormindo. Então sinto vontade de acordar e levantar. Não consigo, contudo, mexer-me. Meus membros não me obedecem. Meu corpo não me obedece. Escuto vozes. Sei que as pessoas estão próximo de mim. Consigo ver as pessoas próximo. Tento pedir ajuda, mas a voz não sai. Tento chamá-las, mas não consigo. Só resta o desespero. Fico desesperado. Sinto medo. Medo de não acordar mais. Às vezes sinto como se uma mão me asfixiasse. Não consigo respirar direito. Estou ansioso. O tempo parece uma eternidade. No sonho começo a orar a Deus. Aí lentamente vou despertando desse pesadelo.”
Outro pesadelo muito comum consiste em perder meu carro no sonho. Este sonho também é muito repetitivo. Estaciono o carro e, quando volto, ele já não se encontra onde eu o deixei. Procuro pelo carro em toda parte e não encontro. Já sonho este mesmo sonho da perda do carro há mais de dez anos. Sinto-me confuso, com medo e com aquela sensação de que estou perdendo algo valioso e importante para mim. Acordo.
Noutro sonho, também repetitivo, eu sonho que estou dirigindo. Na direção sinto muito sono. Durmo ao volante. O carro, contudo, continua rodando na estrada sem a minha direção. É horrível. Sinto que pode ocorrer um desastre a qualquer momento. Tento me manter acordado e no controle do veículo, mas não consigo. Acordo com a sensação de que vivi o pesadelo na realidade. Sinto medo, ansiedade e uma sensação estranha de vazio.”
Esta análise durou dois anos. Nos primeiros seis meses, M. foi encorajado pelo analista a reconstruir sua autobiografia, desde a infância até o primeiro episódio de depressão. Narra que fora saudável até os 25 anos de idade, quando se casou. O primeiro episódio de depressão ocorreu quando sua primeira filha nasceu, ainda aos seus 25 anos. Diz ele que se sentiu feliz com o nascimento da filha e que, em seguida, caiu num sentimento de letargia e apatia imensos. De sua infância, M. lembra das brigas homéricas entre pai e mãe, e da sensação de medo e abandono que tomava conta de si. Lembra que se fingia de morto muitas vezes; imaginava-se invisível até as brigas entre os pais cessarem. Relata também que o pai, alcoólatra, batia frequentemente em sua mãe. Ela não reagia. Apenas chorava. M. chorava junto. Sentia vontade, apenas com sete anos, de bater no pai para defender e vingar a mãe. M. afirma ser órfão de pais vivos.
O analista faz lembrar a M. que muito do desespero, ansiedade e medo que carrega como seu pode, na verdade, pertencer ao seus pais, já que pai e mãe viviam mergulhados no desespero. M. concorda. Acredita que parte da sua depressão também pertença aos pais. Tem vaga recordação de os pais serem, na verdade, deprimidos.
Quanto aos sonhos, o analista pergunta se o pesadelo em que M. se sente paralisado, em estado de quase catalepsia, não seria uma representação física da depressão. Uma representação física de como se sente diante da vida. M. para um pouco, pensa,  assente com a cabeça, concordando com o analista, e acrescenta: “Na verdade, o pesadelo representa não só o que eu sinto diante da vida, mas como eu me sinto até hoje diante dos meus pais brigando: paralisado!”.
Quanto ao sonho com o carro perdido ou desgovernado, o analista pede para M. se imaginar completando o sonho antes de o interpretar. Ele imagina então que, no fim de tudo, encontra o carro parado onde deixou. Na imaginação, deixa o carro seguir desgovernado para ver o que acontece. O carro não bate. M. se vê acordando e retomando a direção do carro. Depois que retoma a direção, acorda. M. interpreta o carro como uma metáfora da sua própria vida. A depressão não lhe permite viver, mas apenas sobreviver. Ele não tem controle sobre sua vida. Sente-se desgovernado e controlado pela depressão.
Nesse ínterim, M. tem um sonho, no qual está tomando banho de piscina. De repente o ralo da piscina se abre e a água começa a escorrer. M. está dentro da piscina nadando e começa a escorrer junto com a água. Sente medo. Acredita que vá descer pelo ralo também. A água continua descendo, escorrendo, e ele teme que a sua vida também escorra pelo ralo da piscina. Ele é levado pela água até o ralo − que é imenso. Agarra-se, então, nas grades do ralo enquanto toda a água desce. M. permanece se segurando no ralo. Sente alívio.
O analista interpreta o ralo como as estruturas internas de M. que começam a emergir na análise. Ele não desceu pelo ralo. A água desceu e M, não. A partir desse sonho, ele começa a melhorar. Seis meses depois o psiquiatra suspende a medicação. M. continua sua análise, mas já não está mais deprimido. Dez anos depois, a depressão passou. M. muda a sua sorte e o curso da sua vida. Redescobre o prazer de estar vivo. Já não mais sente a dor de estar vivo. Sente gratidão pela vida. A depressão se foi assim como chegou, do nada!
Os aspectos a serem considerados numa psicoterapia da depressão são diversos, contudo, destacamos aqueles que consideramos mais importantes por serem frontalmente atingidos pela depressão: o autoconceito, a autoestima e o sentimento de culpa (BURNS, 2015).
Autoconceito. Corresponde à percepção e mesmo à avaliação que o sujeito faz de si mesmo: “pode ser definido como a percepção que o indivíduo tem de si próprio e o conceito que, devido a isso, forma de si.” (VAZ SERRA, 1988, p. 109). Adriano Vaz Serra afirma que existem quatro tipos de influência que ajudam a construir o autoconceito: a percepção do outro sobre o sujeito – o sujeito se percebe a partir do olhar do outro, como num espelho. O autoconceito nasce, portanto, do complexo processo de dar e receber feedback.
O autoconceito surge também do conhecimento que o sujeito tem do seu próprio desempenho em situações concretas. Nesse caso, suas experiências podem levá-lo a perceber-se como eficiente ou ineficiente, competente ou incompetente, adequado ou inadequado. Uma terceira influência se refere à conduta do sujeito em confronto com seus pares sociais, com os quais pode estar identificado. Finalmente, a capacidade de avaliar um determinado comportamento em função das crenças e valores professados e veiculados pelo seu grupo de referência (VAZ SERRA, 1988, p. 101).
O amor próprio é a fonte da autoestima. “A autoestima é definida como o sentimento, o apreço e a consideração que uma pessoa sente por si própria.” (MAURER; BENEDETTI, 2012, p. 6). A autoestima consiste na autoavaliação e implica sentimento de valor, englobando um componente predominantemente afetivo, expresso numa atitude de aprovação/desaprovação em relação a si próprio.
O complexo cultural de inferioridade alimenta a baixa autoestima, nutre o desprezo por si mesmo, combate com todas as forças possíveis e impossíveis o amor próprio. Aquele que se ama, aquele que ama a si mesmo é visto com desconfiança. “A autoestima representa um aspecto avaliativo do autoconceito e consiste num conjunto de pensamentos e sentimentos referentes a si mesmo. ” (HUTZ; ZANON, 2011, p. 41).
“Autoestima, segundo Rosenberg, é a avaliação que a pessoa faz de si própria, que implica um sentimento de valor expresso em uma atitude de aprovação/desaprovação em relação a si mesma. Essa avaliação tende a ser estável no tempo e em diferentes contextos, apresentando-se segundo níveis que podem variar de baixo a elevado. A baixa autoestima é caracterizada por um sentimento de incompetência, de inadequação à vida e de elevada desaprovação de si mesmo, enquanto a elevada é expressa por um forte sentimento de confiança, competência e elevada autoaprovação! (GORENSTEIN; WANG; HUNGEBUHLER, 2016, p. 461).
Otto Fenichel parece concordar com essa definição quando afirma que “Os sentimentos de culpa que acompanham a prática de uma maldade e os sentimentos de bem-estar que resultam do cumprimento de um ideal são os modelos normais seguidos pelos fenômenos patológicos da depressão e da mania” (FENICHEL, 1981, p.96). De modo geral, a culpa nasce quando o homem age contra a sua própria consciência e desconsidera em seus atos a norma ética da busca pelo bem comum. Ou, dizendo de outro modo: Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a lei e os profetas.” (Mateus 7:12).
Estratégia teológica: a espiritualidade
Diante da ciência, a religião deixa, cada vez mais, de ser o patinho feio da experiência humana para ocupar lugar de destaque no enfrentamento, na prevenção, no tratamento e, às vezes, até mesmo na cura de certas doenças, transtornos e enfermidades. Basta examinar o volume de pesquisa apresentado por Harold Koenig de inúmeros pesquisadores (2012), que aponta a religião como uma eficaz estratégia de coping. A religião pode atuar nesse campo de várias maneiras, como veremos.
A fé, a esperança, o perdão e o amor incondicionais de Deus, e a solidariedade humana expressa pela comunidade religiosa tem se mostrado um eficiente coadjuvante no tratamento da depressão. Registra-se, contudo, que, quando a religião é tomada isoladamente como única estratégia de tratamento da depressão, isto pode tornar-se um complicador a mais na vida do deprimido. Esse tipo de postura de alguns líderes religiosos pode impedi-lo dos benefícios de um tratamento integral e estender a depressão por anos a fio.
Uma importante pesquisa conduzida por SMITH e MCCULLOUGH (2003, p. 614-636) mostrou que a associação entre religiosidade e depressão é mais forte em estudos que envolvem pessoas que estão expostas a eventos estressantes da vida. Os estudos geralmente apontam que a religiosidade pode produzir esperança, apoio social e uma nova visão de mundo capaz de suportar os eventos estressores e os sofrimentos da vida. Entretanto, eles também notaram que a religiosidade extrinsecamente motivada pode estar associada a um risco maior de sintomas depressivos.
Alguns pesquisadores vêm trabalhando com o objeto das relações entre depressão e religião, contudo, as pesquisas sobre depressão no contexto da religião ainda são escassas no Brasil. Esta pesquisa é uma abordagem compreensiva e interdisciplinar da depressão. Por meio da revisão da literatura serão demonstrados alguns estudos que vêm sendo realizados nesse campo.
Harold G. Koenig et al realizaram um trabalho de revisão sobre religiosidade e saúde mental, no qual mostram que maiores níveis de envolvimento religioso estão associados positivamente a indicadores de bem-estar psicológico e a menos depressão. KOENIG (2001) examina 443 estudos e pesquisas quantitativas realizados entre 2000 e 2012 com macroamostras e amostras significativas sobre a função da religião e da espiritualidade na saúde física e mental, especialmente na prevenção e no tratamento da depressão.
Tais pesquisas sugerem que a religião e a espiritualidade podem ser benéficas para 62% dos deprimidos. Os resultados arrolam uma série de atitudes espirituais que podem favorecer a prevenção, o tratamento e até a cura de alguns estados depressivos, como: o pertencimento a uma comunidade religiosa; a oração; a certeza do perdão de Deus; a meditação e a solidariedade.
KOENIG et al (1998, p. 536-542) realizou  um  estudo prospectivo para investigar o impacto da religiosidade no curso das doenças depressivas. Os autores pesquisaram 87 pacientes adultos de terceira idade hospitalizados por doenças clínicas e perceberam que a motivação religiosa intrínseca estava associada à remissão mais rápida da depressão.
Em seu ensaio Depressão no contexto da psiquiatria e da religião, DEUS (2010, p. 19-58) busca relacionar o papel da fé com o da religião no tratamento de pacientes deprimidos. MALTA (2010, p. 95-125), no artigo Angústia, fé e sentido da vida, propõe a distinção entre angústia, tristeza e depressão, e qual o papel da fé na atenuação do dilema humano da angústia. GOMES (2010, p. 125-249) apresenta um ensaio sobre a depressão a partir da psicologia de Carl Gustav Jung e de um modelo de aconselhamento pastoral solidário.
A saúde e a doença não são imunes às crenças, sejam elas científicas ou religiosas. É frequente que psiquiatras, psicólogos e outros profissionais de saúde mental ignorem ou critiquem as crenças religiosas de seus pacientes. É também frequente que líderes religiosos tenham reservas em relação aos tratamentos para saúde mental. Entretanto, pacientes psiquiátricos dão grande importância às suas crenças e atribuem a elas um papel primordial no contato com sua doença. Vários autores têm identificado problemas para pacientes que têm um modelo de crença religiosa muito diferente do de seus médicos, resultando em pior adesão ao tratamento.
Outros psicólogos, porém, aproximaram teologia e psicologia. (NARRAMORE, 2000, p. 81-86) propôs uma visão integrada para resolver esse conflito: o médico cuidaria dos problemas do corpo; o pastor cuidaria dos problemas espirituais; o psicólogo cuidaria dos problemas emocionais e psicológicos.
Jung considera a religião como uma das primeiras tentativas terapêuticas humanas no combate aos males da alma: “A religião é uma terapêutica revelada por Deus” (JUNG, 1983, p. 208). Considera a depressão uma defesa da mente contra os sofrimentos da realidade. Isto é, a depressão é o melhor estado da mente frente ao sofrimento imposto pela realidade. De qualquer modo, as crenças religiosas e a espiritualidade do paciente precisam ser levadas em conta em qualquer estratégia de abordagem para um melhor prognóstico.
O psicólogo Ken Wilber, um dos fundadores da psicologia transpessoal, incluiu na teoria de Carl Gustav Jung (1988, p. 134) o conceito de inconsciente espiritual, para que se considere o papel das crenças religiosas nas abordagens das doenças psicossomáticas. Wilber assegura que o conhecimento sobre a relação entre práticas religiosas e saúde mental é reconhecido como um mecanismo relevante de prevenção da saúde, constituindo-se em um dado importante para a estratégia de atendimento e também para os estudos das relações entre doença, espiritualidade e crenças religiosas.
A possibilidade de conciliação das estratégias de tratamento com o respeito às crenças religiosas pode ser um aliado fundamental no tratamento da depressão. Os benefícios de uma associação entre os recursos da medicina convencional, e outras tradições, devem ser considerados em nome do bem-estar de muitas pessoas com crenças religiosas e espirituais (WILBER, 2009, p. 103-105).
A árvore da cura, de HURDING (1995) consiste em um manual de aconselhamento espiritual concebido nos moldes dos manuais norte-americanos. A metáfora da árvore utilizada pelo autor representa com propriedade o panorama histórico-teórico-metodológico das teorias e técnicas utilizadas por conselheiros espirituais no mundo cristão. O autor divide sua obra em três partes: na primeira, trabalha com os pais da psicologia, Watson, Freud, Jung, Adler, Roger, Skinner etc. Na segunda, demonstra a tentativa de psicólogos cristãos e conselheiros espirituais de dialogar com a psicologia. Na terceira parte, ele demonstra como esse diálogo já está estabelecido na prática do aconselhamento espiritual.
Hurding sugere também alguns textos bíblicos a serem utilizados no aconselhamento envolvendo a depressão: Gênesis 4:6; Salmo 42:11; Provérbios 17:22; 18: 4; Provérbios 15:13; 147:3; 38; 119:28; 1 Coríntios 10:12-13; Efésios 3:13 e Hebreus 12:3. Muitos personagens bíblicos como Saul, Davi, Jeremias, Elias e outro também experimentaram aquilo que hoje seria classificado como depressão: Gênesis 4:7; Salmos 34:19; 37:23-24; 119:143; 147:6; 2 Coríntios 12:9-10; Filipenses 2:3-8; 4:13; 19 e Tiago 1:19.
GOMES et al. (2014), na obra Eclipse da alma, apresenta o resultado de algumas pesquisas sobre religião e depressão. Em outubro de 2006, o Laboratório de Psicologia da Religião, coordenado pelo Dr. Antônio Máspoli de Araújo Gomes, abriu suas portas para compreender a vivência religiosa da depressão.  Sessenta sujeitos participaram desta pesquisa. Membros de diversas igrejas cristãs, eles foram estimulados a falar sobre seu sofrimento com essa enfermidade. Muitos jamais haviam tratado ou encarado a depressão como uma enfermidade. Para mais de 90% dos presentes nessas reuniões, a depressão era causada por problemas espirituais e/ou demoníacos.
Após ouvir, semana após semana, o relato de cada uma dessas pessoas, foi traçado um plano de enfretamento da depressão. Todos os participantes foram instigados a enfrentar a depressão como uma enfermidade e a procurarem auxílio médico psiquiátrico, psicológico e pastoral. Depois do atendimento médico psiquiátrico, essas pessoas foram orientadas a procurar tratamento psicológico. Depois cerca de um ano de tratamento integrado, era visível a transformação que haviam sofrido.
As pesquisas realizadas sobre religião, espiritualidade e depressão sugerem uma série de atitudes que podem ser tomadas a fim de melhorar, prevenir e até curar alguns estados depressivos. A depressão é uma doença dos afetos e das emoções, contudo, em alguns casos, a vontade do deprimido permanece sã. Sua vontade continua livre diante de Deus, de si mesmo e dos homens. A liberdade da vontade abre caminho para buscar ajuda e até mesmo aderir e perseverar no tratamento.
Fundamentados nas pesquisas realizadas e analisadas acima, e na experiência e pesquisas deste autor, arrolamos uma série de atitudes espirituais que podem melhorar a qualidade de vida do deprimido e corroborar com a prevenção, o tratamento e até a cura da depressão. Mesmo sabendo que os casos de depressão maior não têm cura, mas somente controle, não se pode ignorar que muitos estados depressivos da sociedade contemporânea são causados por fatores de estresse. Pensando também nestes casos de Síndrome de Estresse Pós-Traumático (TEPT), apresentamos uma sugestão de estratégia para acolhimento do deprimido e enfrentamento da depressão.
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WORDEN, William J. Terapia do luto. Porto Alegre/RS: Artes Médicas, 1998.
SOBRE O AUTOR
Psicólogo clínico, teólogo, life cach, pesquisador e escritor. Mestre em Psicologia (UGF). Doutor em Ciências da Religião: Ciências Sociais e Religião (UMESP). Doutor em Psicologia Clínica (PUC-SP). Pós-doutor em História das Ideias pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é professor titular da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Membro do Laboratório de Psicologia, Estudos de Religião da USP, de 2000 a 2013. Membro do Núcleo de Psicossomática e do Núcleo de Estudos Junguianos da PUC-SP. Coordena o Laboratório de Psicologia, Religião, Saúde e Resiliência da Universidade Mackenzie.
Contato:
[email protected]
www.antoniomaspoli.com.br

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