O que é Psicologia Dinâmica?

INTRODUÇÃO

A Psicologia Dinâmica foi um sistema prático e pouco audacioso de Psicologia, fundada por ROBERT SESSIONS WOODWORTH. Ao contrário das outras, a Psicologia Dinâmica não está fundamentada em nenhum protesto a outro movimento, pelo contrário, aproveitou o que as outras escolas haviam elaborado e os aperfeiçoou dentro da Psicologia.

A escola Dinâmica confessa que a Psicologia, apesar das evidentes e movimentadas diferenças existem em seus conceituadores, ela está orientada na mesma direção, isto é, o estudo e compreensão da mente e da alma. O pai da escola Dinâmica WOODWORTH diz que BERKELEY, HUME e outros da antiga Psicologia diferem dos estudiosos de hoje, somente pelos métodos empregados e não pela intensão. Segundo ele, seu método pretendia tirar conclusões nas experiências que a Psicologia teve oportunidade de acumular entraves das várias pesquisas, dos vários métodos, para ele WOODWORTH embora a conceituação de Psicologia sejam diferentes, o mais importante é que todos os movimentos sempre tiveram o mesmo fim comum, a tentativa, isto é os mesmos desejos de compreender “as operações da mente”.

A Psicologia Dinâmica não pretende ser novidade, e nem pretende substituir nenhum movimento e, nem oferece salvação para os problemas já existentes na Psicologia, apenas procuram unir as soluções, bem como os problemas já existentes no seio da Psicologia. A Psicologia Dinâmica é conservadora no sentido literal do texto, não intentou fundar nenhuma escola, apenas tornar claro o que já existe. Tenta reunir as colaborações do passado e concluir suas pesquisas baseadas naquilo que outros já comprovaram como real. A Psicologia Dinâmica é a Psicologia da causa-efeito.

DESENVOLVIMENTO

O que interessa ao Psicólogo dinamicista é saber por que nós realizamos as coisas, como aprendemos e pensamos e porque agimos de uma determinada forma. A fim de compreender as atividades do ponto de vista causa-efeito é preciso obter a mais completa visão do processo a ser estudado, seguindo em tudo o percurso em que se desenvolve este processo e descobrir seus mínimos detalhes, suas principais tendências. A Psicologia Dinâmica tanto admite a introspecção como e extrospecção como método de Psicologia. Só depois de analisar um fenômeno de fora para dentro e de dentro para fora, é que o Psicólogo pode formular suas leis e conclusões sobre tais processos desencadeados.

WOODWORTH admite que numa descrição completa do universo como sistema, incluindo tudo nele existente não haveria necessidade de noção de causa, mas para as ideias associadas a esta, de força e explicação. Observa, entretanto que tal descrição perfeita ainda não existe.

Embora tenha se desenvolvido na Universidade de Columbia, a Psicologia Dinâmica não está ligada a Columbia, assim como o Estruturalismo está ligada a CORNELL, e a Psicanálise está ligada a Viena, porque a Psicologia Dinâmica não está associada a nenhum corpo de doutrina.

O primeiro na Psicologia de Columbia foi JAMES McKEEN CATTELL, um dos primeiros discípulos de WUNDT. Fazendo preleções na Universidade de Chicago, associou-se a GALTON e assim aliou os seus conhecimentos com os conhecimentos experimentais de Leipizg. Entrou em contato direto com os conceitos galtonianos sobre as diferenças individuais, que muito interessou a Dinâmica, de modo que quando CATTELL montou o seu laboratório na Columbia, o estudo das diferenças individuais tornaram-se proeminentes e o trabalho realizado por CATTELL com calouros na Universidade da Columbia deixa bem patente este aspecto do seu trabalho. CATTELL certa vez, fez um pronunciamento a este respeito em que dizia: “não estou convencido de que a Psicologia deve limitar-se ao estudo da consciência propriamente dita e não existe conflito entre a análise introspectiva e a experiência objetiva, pelo contrário, elas devem cooperar, e realmente cooperam mutuamente”.

O caminho seguido por WOODWORTH para a Psicologia Dinâmica, encontramos na fisiologia. WOODWORTH acreditava que em Psicologia existem três pontos, somente três pontos são considerados principais nas considerações em funções do tipo estímulo-resposta:

  1. O estímulo não é a causa da resposta, mas somente uma parte da causa. A estrutura do organismo, suas reservas de energias, suas atividades em andamento, seu estado geral, tudo isso contribui de forma decisiva numa determinação de resposta do organismo;

  2. Mesmo num sistema, como um revólver carregado a causa, isto é, o tiro não é determinado apenas pelo estímulo (a pólvora), mas a estrutura da arma, sua forma, deve ser levado em conta na determinação da causa final, o tiro;

  3. Nenhuma reação estímulo resposta pode ser considerada separadamente. Qualquer fator nervoso está sujeito a influenciar uma multidão de reações que o precedem e o acompanham. Nenhum estímulo age num organismo e produz causas sem que haja outra atividade neste organismo. O arco de reação não é uma atividade individual, indivisível, sua unidade interna pode ser dividida ao meio.

A Psicologia Dinâmica muito influenciou a Psicologia do aprendizado, e que ela estabeleceu como sendo a reação do organismo ao meio ambiente, em profunda colaboração um com o outro. Para a Psicologia de WOODWORTH o aprendizado pode ser modificado de cinco maneiras:

  1. Por meio de exercícios;

  2. Por meio da associação de estímulos e repostas;

  3. Por meio de uma solução de continuidade de um processo estimulante;

  4. Uma única resposta de nível superior pode sujeitar ou anular um número determinado de respostas inferiores.

EDWARD THORNDIKE também muito colaborou no advento da Psicologia e, particularmente da Psicologia Dinâmica. Aos vinte e quatro anos de idade ele escreveu o primeiro estudo sistemático da inteligência animal, por método de pesquisas em laboratórios, muito contribuindo para posteriores estudos no campo da aprendizagem.

Considerações Finais

A Psicologia Dinâmica absorta no trabalho da oficina científica é apenas uma tentativa de mostrar que um princípio unificador sempre esteve presente em todos os estudos realizados e desenvolvidos no campo da Psicologia. Não tendo caráter de contradizer qualquer outro movimento, não é a Dinâmica também, fértil em descobertas ou ramificações.

A Psicologia Dinâmica, ao considerar sistemas tais como: o Behaviorismo, o Estruturalismo, o Hereditarismo, não os apoia de todo, e nem os refuta de todo, no entanto mais de que qualquer outra escola, a Psicologia Dinâmica reconstrói e preocupa-se com todos estes métodos e suas imperfeições particulares. Admite a influência da metafísica na Psicologia em geral, e do caráter experimental que a Psicologia deve assumir.

Alguns condenam esta escola por julgarem que ela não serviu nem como um ponto de partida para um ataque ou defesa de teses, no entanto se levarmos tais suposições em considerações, pretendemos dizer que a ciência é uma colcha de retalhos, o que não é verdade, pois a verdadeira ciência, o verdadeiro conhecimento é totalmente unificado. Podemos reconhecer suas errôneas concepções e sua pouca importância na criação de novos métodos, a que o homem está sempre interessado, mas não podemos relevar a sua tão importante contribuição significativa e importantes contribuições a Psicologia Moderna e a ciência Psicológica em geral.

Os estudantes presentaneos, podem constatar este fato na Universidade de Columbia. Relegar o trabalho de homens, sem apresentar soluções às falhas apresentadas por estes é pouco importante.

Levando o pensamento para a interpretação cosmológica que os nossos ancestrais faziam do homem. Pensando também no que significou para o mundo cientifico, o “conhece-te a ti mesmo”, Socrático; considerando o caráter especulativo e passageiro dos conhecimentos humanos, podemos, ao contemplar o panorama tão significativo de descobertas e invenções dos nossos dias, podemos emitir um “eureka”, quase tudo foi descoberto.

Quando nos deparamos com este “Ufa!”, quanto ao que já foi realizado e pesquisado sobre o homem, nos deparamos também com um “quase tudo” foi assimilado, então novamente o homem levanta dentro de si esta pergunta, até onde vai este tudo? Esta pergunta levanta novamente o ciclo de dúvidas e de pesquisas, levanta novamente os ciclos da descoberta, aí não se torna tão fácil, dizermos qual a verdadeira importância de um ciclo de estudo, ou mesmo de uma “escola” com barreiras mais delimitadas como as que pesquisamos neste modesto estudo. Se o estruturalismo foi ortodoxo e incoerente em sua visão introspectiva do homem, o Estruturalismo também despertou a Psicologia para a sua vocação de ciência. Se o Funcionalismo gastou quase todo seu tempo útil no combate ao Estruturalismo, ele também serviu de base ao Behaviorismo e Gestaltismo. Se o Behaviorismo desviou-se em concepções extremistas sobre a não existência da alma, o Behaviorismo ainda hoje molda o pensamento dos jovens psicólogos americanos. Se o Gestaltismo procurou conceber-se de uma “essência” psicológica que não existia dentro de sua importância, o Gestaltismo também orientou a Psicologia Geral para uma visão global de si mesmo. Se WILLIAM JAMES foi um egoísta em seus conceitos, se ele deu conselhos aos seus discípulos, que ele próprio não procurou provar em laboratório, JAMES também delimitou a Psicologia e lhe mostrou o seu traço marcante de ciência. Se a Psicanálise é impregnada de excessos e ceticismo, ele também deu grandes colaborações na caminhada da Psicologia para dentro do homem e seus males.

Não é matéria fácil, atribuir a esta ou aquela escola de Psicologia, a este ou aquele Pesquisador, o tributo que deve ser pago a toda uma humanidade, como o advento da Psicologia Moderna. Prefiro ficar com a sensatez de WOODWORTH, e considerar a Psicologia a união de todos os esforços para desenvolvê-la, considerar todas as escolas como sendo uma única Psicologia, e toda a Psicologia como um todo.

BIBLIOGRAFIA

Obras Consultadas

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  1. HEIDBREDER, Edna – Psicologias do Século XX – Tradução: Lauro S. Blandy, Editora Mestre Jou – São Paulo, 1978; 391 páginas.

  1. KELLER, S. Fred – A Definição da Psicologia – Tradução: Rodolpho Azzi, 3ª edição, Editora Epu – São Paulo, 1970; 109 páginas.

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  1. MUELLER, Fernand Lucien – História da Psicologia – Tradução: Lélio Lourenço de Oliveira, Maria Aparecida Biandy e J. B. Damasco Penna, Companhia Editora Nacional – São Paulo, 1968; 442 páginas.

  1. MARX, Melvin H; Hillix William. – Sistemas e Teorias em Pscologia, Tradução: Álvaro Cabral, 2ª edição – Editora Cultrix – São Paulo, 1976; 755 páginas.

  1. MILLER, Georg A. – Psicologia a Ciência da Vida Mental, Tradução: Álvaro Cabral, Editora Zahar, 1964; 465 páginas.

  1. NUTTIN, Joseph. – Psicanálise e Personalidade – Editora Agir 6ª edição – Rio de Janeiro, 1972.

  1. WERTHEIMER, Michael. – Pequena História da Psicologia, Tradução: Lélio Lourenço de Oliveira, Editora Nacional, 2ª edição – São Paulo, 1976, 207 páginas.

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