Amar a si mesmo, um sentimento a ser aprendido!
“Eu me amo, eu me adoro, eu não consigo viver sem mim!”
Dr. Antonio Maspoli

Amar a si mesmo é um sentimento a ser aprendido. Nosso complexo cultural alimenta a baixa autoestima, nutre o desprezo por si mesmo, combate com todas as forças possíveis e impossíveis o amor próprio. Aquele que se ama, aquele que ama se a si mesmo, é visto com desconfiança. Quem já se viu uma coisa dessas? Alguém amar a si mesmo? Como é isso possível? O amor próprio, em alguns círculos, é um inimigo a ser combatido.
O amor próprio é um dos pilares do bem estar e da saúde física, mental e espiritual. O respeito por si mesmo decorre do amor próprio. A autoestima depende do amor próprio. O cuidado de si mesmo é o resultado do amor próprio. Daí a pergunta: porque a sociedade tem tanto medo do amor a si mesmo? Para que a sociedade impõe a rejeição a si mesmo? A resposta é simples. Aquele que ama a si mesmo é livre. Livre para ser, é livre para decidir, é livre para existir. Aquele que se rejeita aquele que se odeia, e aquele que não se ama, empobrece a sua própria alma, esvazia a sua existência, fragiliza a sua essência. Torna-se um nada. Transmuta-se num ninguém. Transforma-se numa vítima fácil de manipulação, repressão e dominação!
Amor próprio não se confunde com egoísmo. O egoísta não ama a ninguém. Nem a si mesmo e nem ao outro. O egoísta trata-se como um objeto, sente-se um objeto. Ele é um objeto de valor. Não uma pessoa de valor. Por isso o egoísta ver o outro como uma coisa a ser usada e descartada! O egoísta vive no isolamento e na prisão do ego. Uma pessoa só existe no contexto de relações humanas. Uma pessoa só existe para outra pessoa. O egoísta não existe nem para si mesmo e nem para o outro. Ele não existe para ninguém. Não é nada. O egoísta é apenas um objeto de adoração pessoal. Nem ele considera-se uma pessoa digna de ser amada. Não sabe o que é isso. Desconhece o amor. Desconhece o outro e a si mesmo. Seu ego foi coisificado, petrificado. Uma pessoa egoísta é incapaz de dar e de receber amor de outra pessoa humana. Amor próprio, portanto, não é egoísmo. O amor a si mesmo nasce do self e não do ego!
Amor próprio não se confunde com narcisismo. O narcisista se alimenta da ilusão infantil de que o mundo gira ao redor dele mesmo. O narcisismo é uma patologia do amor. O narcisista imagina que é o centro do universo. Enquanto o egoísta está em dúvida se é Deus, o narcisista tem certeza. Um narcisista basta se a si mesmo, não precisa de mais ninguém. Sua frase predileta é “Eu me amo, eu me adoro, eu não consigo viver sem mim “(Evandro e Patrícia Travassos, Ultraje a Rigor!).
 
“ Diz o mito grego que Narciso era uma criança tão linda e admirada que sua mãe, Liríope, preocupada com esse excesso, levou-o até o sábio Tirésias. Ele lhe disse que o menino só teria uma vida longa se jamais visse a própria imagem. Por muito tempo essas palavras pareceram destituídas de sentido, mas os acontecimentos que se desenrolaram mostraram seu acerto. Na adolescência, Narciso era um jovem belíssimo, mas muito soberbo. Ao passear certo dia pelo campo, a jovem Eco o viu e se apaixonou por ele, mas o rapaz a repeliu. Um dia, cansado, Narciso dirigiu-se a uma fonte de águas límpidas. Eis então que a profecia se realiza: ao ver-se refletido no espelho das águas, enlouqueceu de amor pelo próprio reflexo. Embevecido, não tinha olhos nem ouvidos para mais nada: não comia ou dormia. Narciso só olhava para si. Apaixonado pela própria imagem, ensimesmado, busca para aplacar sua dor um outro que, sendo ele mesmo, não lhe responde. Realizasse, então, seu destino: mergulha no espelho e desaparece no encontro impossível. ”
Sem a possibilidade de ver si a si mesmo, sem condições de ver o outro distinto da sua santa imagem, o narcisista mergulha nos devaneios e perde-se nas fantasias. Sem a possibilidade de reconhecimento do que é a própria imagem e do que é o outro, Narciso tornou-se pura visagem, e desfez-se nas miragens das fantasias… Condena-se a solidão absoluta. E petrifica-se nessa solidão. Narciso não cria laços; não partilha seu encanto. Não ama. Não se permite amar. Ninguém jamais o amará mais do ele mesmo. Perde-se na imagem de si. Também se perde e, no desencontro, entrega-se à repetição compulsiva, sem poder se separar da miragem idealizada.  Um narcisista é uma visagem…
Amar a si mesmo é contemplar-se como uma totalidade. É ver-se como parte do universo. É olhar-se no espelho da vida como filho de Deus. É reencontrar-se no contexto de relação humanas possíveis. É redescobrir-se como parte do coração de Deus. É amar a si mesmo e aceitar as próprias fragilidades humanas, e reconhecer as próprias virtudes, sem exageros. Esse é o caminho para aceitar as fraquezas alheias. Amar a si mesmo é avaliar-se numa justa medida. Essa é a balança para se avaliar o próximo. Amar a si mesmo é a escola do amor ao próximo. Ninguém jamais amará o outro sem esse amor a si mesmo. Por isso Jesus determinou: “Amarás só teu próximo como a ti mesmo!”(Lucas 10:27).

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