Análise: O Efeito Sombra

Introdução

Sinopse – Um filme produzido pelos mesmos autores do livro homonimo. O lançamento do livro DVD – O Efeito Sombra (The Shadow Effect, EUA, 2010) – foi feito no começo de maio nos Estados Unidos, tão logo chegou as livrarias e lojas de dvds, se tornou em um dos grandes lançamentos do ano. Produzido e estrelado pelos autores do livro – Deepak Chopra, Debbie Ford e Marianne Williamson – este documentário complementa o conteúdo do livro, com imagens, animações, depoimentos e explicações mais detalhadas. O filme apresenta o conceito da Sombra Humana, como ela nos atrapalha e como pode nos auxiliar em nosso crescimento pessoal, espiritual e profissional.

Desde os primórdios, o cinema transforma vidas, por intermédio do autoconhecimento adquirido, no mais das vezes, pela identificação projetiva e pela modelagem de comportamento. Primeiro, o sujeito elege um modelo dentre os personagens do filme. Em seguida, identifica-se com o personagem. Posteriormente, introjeta o personagem. E, finalmente, passa agir como o personagem agiu. Daí a importância de se usar filmes no processo de coaching. Abaixo, uma análise dos filmes mais assistidos no coaching da atualdiade. Foram examinados os filmes: Conversando com Deus; Poder além da vida; Quem somos nós?; A corrente do bem; A prova de fogo; A profecia ceslestina; Duas vidas; Mãos talentosas – A história de Ben Carson; Coach Carter; Divertidamente; Quando Nietzsche Chorou; My life; Um método perigoso.

O cinema geralmente é utilizado como ferramenta entre uma sessão e outra. E deve ser escolhido de acordo com as necessidades do coachee e o planejamento estratégico para aquele caso específico.

A sombra é um dos conceitos mais importantes desenvolvidos por Carl Gustav Jung dentro da Psicologia Analítica ou Psicologia Junguiana, uma das especialidades do conhecimento psicológico que aprofunda a Psicanálise, criada por Sigmund Freud. Este aspecto do ego humano é fundamental na conquista do aprimoramento da personalidade integral do Homem, ou seja, de sua individuação. Isto não ocorre sem a inclusão da sombra no mar de sua consciência, o ser não cresce, não completa este trabalho, o desenvolvimento do ‘eu’. Segundo Jung, a natureza sombria foi legada à Humanidade pelos estágios mais primitivos da existência, ao longo da jornada evolutiva empreendida pelo ser humano. Outro aspecto importante sobre sombra é de que se trata de um arquétipo e por essa razão ela aparece como imagem arquetípica nos mitos e nos contos de fadas(CHOPRA, FORD e MARIANE, 2010).

  1. Conceito básico de Sombra

Uma parte do ‘inconsciente individual’ do homem chama-se ‘sombra’. É um ‘lugar virtual’ que durante toda sua vida ele vai colocando as suas ‘características reprimidas’. De um modo geral pode-se dizer que é lá onde seus defeitos ficam. Tem este nome por ficar oculta atrás de um corpo que recebe luz. Não é dado ao homem conhecer, normalmente, a sua sombra. É preciso um longo trabalho para torná-la consciente. O trabalho com a sombra é tarefa para a vida toda. O conceito junguiano de sombra não consta do glossário do volume VI, das Obras Completas. Foi um conceito dos mais tardios e vamos achá-lo numa definição mais completa em 1946:

“Com efeito, ele encontrará infalivelmente aquilo que atravessa o seu caminho e o cruza, isto é, em primeiro lugar aquilo que ele não queria ser (a sombra), em segundo lugar, aquilo que não é ele, mas o outro (a realidade individual do tu) e em terceiro lugar, aquilo que é seu Não-eu psíquico, o inconsciente coletivo.” (JUNG, 1990, p. 128).

Quando o homem assume, como seu objetivo, que tudo que lhe afeta ou lhe emociona é seu e só seu, ele já está bem situado no caminho da confrontação com a sua sombra. Ele vai a uma exposição de quadros e apenas um quadro lhe afeta, lhe toca, lhe emociona; ao ler alguns livros um específico lhe emociona mais que os outros. Se ele tiver em mente que aquelas imagens simbólicas que lhe atingiram não atingiram mais ninguém daquele modo e começar a perceber o quanto de sua psique está envolvido no processo, então terá um ponto de partida palpável para lidar com a sombra, ou seja, um bom começo para um processo que vai levar a vida toda. Stein colocou o problema da seguinte maneira:

“Um dos fatores psíquicos inconscientes que o ego não pode controlar é a sombra. De fato, o ego, usualmente, não possui sequer consciência de que projeta uma sombra. Jung emprega o termo sombra para denotar uma realidade psicológica que é relativamente fácil de captar num nível imagístico, mas mais difícil de compreender nos níveis prático e teórico.” (STEIN, 2000, p. 98).

A sombra é, em não menor grau, um tema conhecido da mitologia; mas como representa, antes e acima de tudo, o inconsciente pessoal, podendo por isso atingir a consciência sem dificuldades no que se refere a seus conteúdos, além de poder ser percebida e visualizada, se diferencia, pois do animus e da anima, que se acham bastante afastados da consciência: este o motivo pelo qual dificilmente, ou nunca, eles podem ser percebidos em circunstâncias normais. Não é difícil, com certo grau de autocrítica, perceber a própria sombra, pois ela é de natureza pessoal. Mas sempre que tratamos dela como arquétipo, defrontamo-nos com as mesmas dificuldades constatadas em relação ao animus e a anima.

O grande problema da repressão da sombra e a possibilidade de projetar esse efeito no outro. Como o indivíduo oculta nos recônditos de sua psique tudo que é rejeitado pelos padrões sociais e por si mesmo, aquilo que é definido como contrário à moral, do domínio da força bruta, ou seja, o monstro escondido dentro de cada um, o inconsciente é povoado com estas criações mentais ali reprimidas, e sem a limpeza constante deste conteúdo mental, é impossível o Homem ser livre, pois o fato de não pertencer à esfera da consciência não significa que a sombra deixe de influenciar as atitudes humanas.

O ser humano só tem acesso a sua natureza sombria quando tem a intrepidez necessária para mergulhar em si mesmo e empreender a imprescindível jornada de autoconhecimento, processo que pode ser facilitado pela terapia, mas que assim mesmo cabe a cada um realizar.

No Sermão da Montanha, Cristo diz: ‘Não julgueis para não serdes julgados. Pois com o julgamento com que julgardes, sereis também julgados; e com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos. Por que reparas no cisco que está no olho do teu irmão, quando não percebes a trave que está no teu? Como ousas dizer ao teu irmão: ‘Deixa-me tirar o cisco do teu olho’, quando tu mesmo tens uma trave no teu? Hipócrita, retira primeiro a trave do teu olho, e só então verás bem para retirar o cisco do olho do teu irmão’.

Jung afirma que ‘a projeção é um dos fenômenos psíquicos mais comuns. (…) Tudo o que é inconsciente em nós mesmos descobrimos no vizinho’. Na verdade, a projeção é um fato que ocorre de modo involuntário, sem nenhuma interferência da mente consciente: um conteúdo inconsciente pertencente a um sujeito (indivíduo ou grupo) aparece como se pertencesse a um objeto (outro indivíduo ou grupo ou o que quer que seja, desde seres vivos até sistemas de idéias, a natureza ou a matéria inorgânica).

A projeção não é a patologia de uma personalidade perturbada, mas um fato natural, por meio do qual tudo o que é desconhecido na psique pode se manifestar; a questão é o grau de abertura e a habilidade da atitude consciente para ‘pescar’ esses conteúdos inconscientes na ‘área limítrofe’ da qual se aproximaram.

Imaginemos um campo de luz, relativamente recente, e um campo sombrio, muito anterior ao primeiro. O dinamismo da relação peculiar entre esses dois campos é dado pelo fato de que o campo sombrio quer ser reconhecido e o faz pela via indireta da projeção. Ocorre que a intensidade de uma projeção é inversamente proporcional à abertura da atitude consciente. Se a consciência combater obstinadamente a emergência de um conteúdo inconsciente, este poderá recorrer a medidas drásticas para ser reconhecido. Como? Segundo Jung, ‘o inconsciente o faz claramente por meio de projeção, extrapolando seus conteúdos num objeto, que passa então a refletir o que antes se escondia nele próprio’.

Uma das melhores situações para esse modo de expressão do inconsciente surge quando o homem confronta o desconhecido, seja em outra pessoa, outra cultura, uma idéia diferente, um novo ambiente ou tudo o que ainda está por ser explorado e investigado. Segundo Jung, tudo o que é obscuro – e precisamente por ser obscuro – é um espelho: ‘Tudo o que é desconhecido e vazio está cheio de projeções psicológicas; é como se o próprio pano de fundo do investigador se espelhasse na escuridão. O que ele vê no escuro, ou acredita poder ver, é principalmente um dado de seu próprio inconsciente que ali se projeta. Em outras palavras, certas qualidades e significados potenciais de cuja natureza psíquica ele é totalmente inconsciente’.

O que devemos ter em mente é que as projeções ocorrem involuntariamente. No linguajar comum, diz-se que alguém está projetando, como se isso implicasse uma ação consciente. Não é o ego que projeta; é o inconsciente que se projeta. Segundo Jung, ‘a bem dizer, não se faz uma projeção, ela simplesmente ocorre’. Esse fato natural se dá porque tudo o que é desconhecido no plano exterior constitui uma espécie de eco do desconhecido interior. Ele prossegue: ‘na obscuridade de tudo o que é exterior a mim encontro, sem reconhecê-la como tal, uma vida interior ou psíquica que é minha. Não se trata de narcisismo, mas de uma afirmação sobre a condição humana e a relação entre psique e mundo.

Quanto aos fatores que desencadeiam a projeção para Jung os complexos dissociados (isto é, conteúdos psíquicos autônomos) são uma experiência vivida por todos nós e seu efeito desintegrador sobre a consciência manifesta-se quando os mesmos se tornam um sistema psíquico separado e fragmentário. A idéia básica é que um complexo autônomo (ou seja, não diretamente associado ao ego) pode aparecer por meio da projeção como se não pertencesse ao sujeito. Tais sistemas, que apresentam as características de ‘pessoas’ distintas do sujeito, aparecem com toda a força na doença mental, em casos de cisão da personalidade e em fenômenos mediúnicos – assim como na fenomenologia da religião.

Segundo Jung, ‘conteúdos inconscientes ativados sempre aparecem primeiro como projeções sobre o mundo exterior, mas no decorrer do desenvolvimento mental eles são gradualmente assimilados pela consciência e reformulados em idéias conscientes desprovidas de seu caráter original autônomo e pessoal’.

Enfatizo que não se trata de uma condição patológica em si (embora esta possa vir a prevalecer), pois tais tendências à dissociação são inerentes à psique humana; caso contrário, conteúdos dissociados não seriam projetados, nem espíritos ou deuses jamais teriam existido. O perigo psicológico reside exatamente em negar a existência de tais sistemas autônomos, porque eles continuam a funcionar independentemente, criando distúrbios dos mais variados tipos – e nesse caso não serão compreendidos nem assimilados, permanecendo como resultado de algo maléfico operando fora de nós.

  1. A integração da sombra

A grande lição do Filme O Efeito Sombra de Debbie Ford e do Livro Como Entender o Efeito sombra em sua vida, da mesma autora (2010) consiste em explicar os efeitos positivos da integração da sombra. Todos nós temos uma sombra – um lado desprovido de luz. Todos lutamos com nosso lado sombrio à nossa maneira peculiar e única. A título de uma definição superficial, poderíamos dizer que a face sombria de nossa personalidade é a face que normalmente desejamos esconder do mundo.

Nós a mantemos distante da luz e frequentemente procuramos negar-lhe até a existência, o que afinal torna a luta bem mais árdua. É comum julgarmos nossa face sombria de maneira bastante áspera, por não condizer com o indivíduo que queremos exibir para o mundo. Isso pode nos levar a fingir ser algo que não somos ou a negar a forma como nossa história passada realmente se deu.

Nosso lado sombrio consiste, por vezes, em defeitos de caráter que ocultamos de modo a nos sentir seguros. Tais defeitos são normalmente partes de nós mesmos sobre as quais percebemos não exercer nenhum controle real. Em primeiro lugar, nunca gostei de empregar a palavra defeito, por soar de forma imutável e conclusiva demais, porém depois senti que ela na verdade significa imperfeições.

A escuridão não é sinônimo de maldade ou negatividade. Ela por vezes representa esses conceitos, porém nossa face sombria, ou sombra, não é necessariamente “má” ou “negativa”. A maldade pode originar-se e alimentar-se dos medos humanos, assim como o medo à dor e ao castigo, ou o medo à escuridão. O medo ao castigo mantém boa parte das nossas imperfeições hermeticamente trancadas na escuridão, onde nem nós mesmos queremos tomar conhecimento delas por acreditar que, nesse caso, deveríamos nos punir por sua causa. Uma alma dividida entre a escuridão e a luz se mantém fraca: ao contrário, a alma unificada é forte, equilibrada e destemida. Para deixar de punir a nós mesmos, para integrar e sobrepujar as partes de nós mesmos que estamos ocultando, devemos olhar para a escuridão acendendo a luz. A luz da verdade permite-nos olhar para nosso lado obscuro e aceitá-lo enquanto parte de nossa totalidade. Da mesma forma como um espelhinho pode refletir a luz como um farol, se nossa alma estiver iluminada com a luz da verdade, iluminaremos a escuridão com o nosso reflexo próprio e brilharemos como uma fulgurante luz da verdade para o resto do mundo.

Para nos mantermos equilibrados e verdadeiramente em paz interior, devemos praticar a honestidade para conosco mesmos, descobrir nossa essência e aceitá-la. Devemos arrancar quaisquer máscaras que estejamos usando e pedir aos anjos que nos conduzam a uma maneira honesta de ser. (não podemos trabalhar nossas imperfeições, se não formos capazes de aceita-las primeiro

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