Depressão e Religião 

Antônio Máspoli

Resumo: Esta pesquisa é uma abordagem fenomenológica, compreensiva e interdisciplinar da depressão. As pesquisas sobre depressão no contexto da religião ainda são escassas no Brasil. Através da revisão da literatura serão demonstrados alguns estudos que vem sendo realizados neste campo. A depressão é analisada na história da medicina, na moderna psiquiatria, na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung etc. Finalmente busca também compreender algumas relações entre a depressão e religião.

Palavras chaves: Religião e saúde, depressão, religião, abordagem fenomenológica.

Abstract: This research is a and comprehensive and phenomenological and and interdisciplinary approach of the Depression. The research on depression in the context of religion are still scarce in Brazil. Through literature review will be demonstrated some studies being done in this field. Depression and analyzed the history of medicine, modern psychiatry in Analytical Psychology of Carl Gustav Jung etc.. Finally, it seeks also to understand some relationships between depression and religion.

Keywords: Religion and health, depression, religion, phenomenological approach, analytical psychology of Carl Gustav Jung

Resumen: Esta investigación es un enfoque fenomenológica, general Y interdisciplinario de la Depresión. La investigación sobre la depresión en el contexto de la religión son todavía escasos en Brasil. A través de revisión de la literatura se ha demostrado algunos estudios que se realizan en este campo. Depresión y analizado en la historia de la medicina, la psiquiatría moderna, en la Psicología Analítica de Carl Gustav Jung, etc. Por último, se busca también entender algunas relaciones entre la depresión y la religión .

Palabras clave: La religión y la salud, la depresión, la religión, el enfoque fenomenológica, la psicología analítica de Carl Jung Gusta

Introdução

A relação entre doença mental e experiência religiosa foi trabalhada por Carl Gustav Jung e abriu a possibilidade de um diagnóstico diferencial entre saúde mental e vivências puramente espirituais. As vivências espirituais não podem ser confundidas com os quadros da psicopatologia. Por outro lado as afecções psicopatológicas não podem ser consideradas vivências espirituais (JUNG,1980, p. 329-358).

As pesquisas sobre depressão no contexto da religião ainda são escassas no Brasil. Esta pesquisa é uma abordagem compreensiva e interdisciplinar da depressão. Através da revisão da literatura serão demonstrados alguns estudos que vem sendo realizados neste campo; A depressão e a religião é analisada na moderna psiquiatria, na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, busca também, compreender algumas relações entre a depressão e religião.

Assim como o homem, a doença mental é historicamente determinada e socialmente construída. A depressão é um produto histórico. Consiste no resultado de uma série de ideias agregadas através dos tempos. A relação com a depressão, nos diferentes momentos históricos, foi estabelecida a partir de diferentes fatores: a) a estrutura da sociedade; b) a etapa histórica do desenvolvimento da sociedade considerada; c) o estado de compreensão dos problemas emocionais; d) a gravidade da doença; e) a relação médico-paciente e f) fatores genéticos (predisposição hereditária). Na concepção religiosa, a doença poderia ser considerada unicamente como consequência da culpa e do pecado de nossos pais. O conceito de depressão foi construído a partir de todos esses elementos.( FOUCAULT,1964).

A compreensão da doença não ocorre a partir de cortes epistemológicos, como sugere Thomas Kuhn (KUHN, 1962) para a explicação do surgimento da teoria da relatividade e dos saltos quânticos da física. O conceito de enfermidade é também um termo cultural, subjetivo. Isso quer dizer que a enfermidade depende muito mais da evolução histórica e acumulação de conhecimento e experiência dos fenômenos recorrentes do que de saltos epistemológicos.(FOUCAULT,2002).

A medicina científica tem cerca de 100 anos de existência, quando se passou a considerar que o conhecimento humano circula por meio das representações sociais (BERGER & LUCKMANN,1990) e que essas não circulam de igual forma em todos os círculos sociais. (MOSCOVICI, 1978, p. 110-125). Não se pode esperar que o homem comum, do senso comum, possua e aplique a mesma compreensão da doença produzida pela classe médica e pelos círculos mais providos de conhecimento de uma determinada sociedade ou grupo social. O homem comum tem sua própria compreensão da doença e do seu tratamento. É bom lembrar que a sociedade humana sobreviveu séculos sem laboratórios e sem penicilina, sem os benzodiazepínicos e sem a fluoxetina (Prozac), sem psiquiatras e sem psicanalistas. E parece que se saiu bem sem eles. Até hoje, na Amazônia, os povos da floresta sobrevivem às custas de chás, banhos, infusões de plantas medicinais, rezas e rituais religiosos.

(TAMAYO, 1988,p.22-59) escreveu uma história da enfermidade ao longo da história que será tomada como referência para uma classificação da depressão a partir das concepções primitivas da crença. Para ele existem cinco formas ditas primitivas de compreender a etiologia da enfermidade: a) conceito mágico da enfermidade; b) conceito religioso da enfermidade; c) a enfermidade como algo exógeno – introdução de um objeto no corpo; d) possessão – introdução de um espírito no corpo; e) perda da alma.

Atualmente alguns pesquisadores tem se debruçado sobre as relações entre depressão e religião. Um importante e sério trabalho conduzido por Smith & McCullough (SMITH & McCULLOUGH, 2003, pp. 614-636) mostrou que a associação entre religiosidade e depressão é mais forte em estudos que envolvem pessoas que estão expostas a eventos estressantes da vida. Os estudos geralmente apontam que a religiosidade pode produzir esperança, apoio social e uma visão de mundo capaz de suportar os eventos estressores e os sofrimentos da vida. Entretanto, eles também notaram que a religiosidade extrinsecamente motivada pode estar associada a um risco maior de sintomas depressivos. Moreira-Almeida, Lotufo Neto & Koenig (LOTUFO & KOENING, 2006, pp. 1416-1446) realizaram um trabalho de revisão sobre religiosidade e saúde mental, no qual mostra que maiores níveis de envolvimento religioso estão associados positivamente a indicadores de bem-estar psicológico e a menos depressão. Márcia Gonçalves (GONÇALVES et alii 2000, p. 17), no trabalho Religiosidade e Saúde, conclui que pacientes acometidos de patologias graves, como os portadores de neoplasias, poderiam se beneficiar se nos cuidados a eles houvesse parcerias com instituições religiosas para cuidados espirituais. Koenig et alii (KOENING ET alli, 1998, pp. 536-542) realizaram o único estudo prospectivo para investigar o impacto da religiosidade no curso das doenças depressivas. Os autores pesquisaram 87 pacientes adultos de terceira idade hospitalizados por doenças clínicas, e perceberam que a motivação religiosa intrínseca estava associada a remissão mais rápida da depressão, num seguimento durante 47 semanas. Pérsio Gomes de Deus,( DEUS, 2010, p. 19-58) escreveu um ensaio sobre Depressão no Contexto da Psiquiatria e da Religião onde busca relacionar o papel da fé e da religião no tratamento de 60 pacientes deprimidos. Dâmaris (MALTA, 2010, p. 95-125) no artigo Angústia, fé e sentido da vida, a partir de uma leitura fenomenológico existencial, propõe a distinção entre angústia, tristeza e depressão e qual o papel da fé no dilema humano da angústia. Gomes,(GOMES, 2010, p. 125-249), apresenta um ensaio sobre a depressão a partir da psicologia de Carl Gustav Jung e de um modelo de aconselhamento pastoral solidário. 

A evolução histórica do conceito de depressão

A depressão é uma enfermidade classificada CID-10 (Cid 10,1993) na categoria dos transtornos do humor e deve ser considerada uma doença cujo tempo de duração varia com a sua classificação. É uma enfermidade marcada por crises episódicas, ou seja tende a se repetir, produzindo, por isso, frequentes recaídas e recidivas. Consiste no século XXI em uma das doenças mais comuns da era moderna, embora seja conhecida desde a antiguidade. A transição entre a concepção mágico-religiosa da doença para uma compreensão da enfermidade como fenômeno natural foi longa e ocorreu no Mediterrâneo, especialmente no Egito e na Grécia.

A depressão foi percebida desde a antiguidade clássica. O Antigo Testamento registra a depressão de Elias (I Reis 19), e a Ilíada, de Homero, registra o suicídio de Ájax, que teria sido produzido por uma depressão. O tratamento científico das doenças mentais começou com os egípcios e posteriormente com os gregos. Hipócrates (460 a.C. – 370 a.C.) é considerado o pai da medicina. Ele utilizou pela primeira vez a palavra melancolia. A melancolia para Hipócrates correspondia à ação maligna da bile negra (ou atrabilis). Melan, em grego, significa negro, e colis significa bile. O termo melancolia atravessou a história e ainda designa em nosso tempo estados depressivos, sendo o termo usado até hoje como sinônimo de depressão ( SOLOMON, 2002, p. 265) A teoria de que a depressão seria causada por alterações de humor, pela bile negra, continuou sendo utilizada por Cornelius Celsus em seu tratado de medicina, por volta do ano 100 a.d. Essa concepção continuou sendo usada por outros médicos, incluindo Arateus (120-180 a.d.), Galeno (129-199 a.d.) e Alexandre de Talles, no século VI, dentre outros. Arateus fez uma descrição completa dos sintomas da depressão:

O melancólico se isola; tem medo de ser perseguido e aprisionado; atormenta-se com ideias supersticiosas; sente-se aterrorizado; transforma suas fantasias em verdade; queixa-se de doenças imaginárias; amaldiçoa a vida e deseja morrer. Acorda subitamente e é presa de um grande cansaço. Em certos casos a depressão parece ser uma espécie de semi-mania: os pacientes estão sempre obcecados com a mesma ideia e podem ser deprimidos e enérgicos ao mesmo tempo.(SOLOMON , 2002, p. 269).

 

A psiquiatria tal como a conhecemos hoje começou com a Stultifera Nave, Navio onde os doentes mentais eram colocados e abandonados a próprio sorte (FOUCAULT, 1964) em fins da Idade Média. Nesta época a depressão foi considerada uma força mística de alguma entidade misteriosa. O Renascimento considerava a melancolia uma espécie de loucura parcial, em oposição aos transtornos gerais da inteligência, e não implicava forçosamente com a tristeza. Esquirol distinguia no grupo de loucuras parciais ou monomanias, uma monomania propriamente dita com um elemento de tristeza. Esta era denominada lipemania. No século XVIII, foram realizados estudos sobre o tema, por meio de pesquisas em instituições e hospitais especializados. A partir da obra de Phillipe Pinel (1745-1826), então professor da Faculdade de Medicina de Paris, a depressão passa a ser tratada como assunto médico psiquiátrico. (FOUCAULT,2002).

Em 1882, o psiquiatra alemão Karl Kahlbaum, usando o termo “ciclotimia”, descrevendo a mania e a depressão como estágios da mesma doença (KAPLAN, & SADOCK & GREBB, 1997, p. 78-80). Os médicos do século XIX deixam indícios de dar preferência ao termo depressão. No final deste mesmo século, depressão tornou-se sinônimo de melancolia: uma condição caracterizada pela diminuição do ânimo, de coragem ou iniciativa, e uma tendência a pensamentos tristes.

O termo depressão referia-se a um sintoma, que gerou, em todos os tempos, grande polêmica que se arrasta até a atualidade. Kaplan & Sadock descrevem três usos diferentes para o termo depressão: o uso leigo, que se refere à tristeza e ao desânimo, não estando necessariamente relacionado a uma doença; o uso do termo representando um sintoma que indica humor rebaixado, deprimido, podendo ser encontrado em inúmeras patologias, e o uso para definir uma síndrome que reúne um conjunto de sinais e sintomas relacionados principalmente aos denominados transtornos de humor. O termo depressão tem diferentes significados em vários campos científicos. Para o neurofisiologista, depressão refere-se a qualquer diminuição na atividade eletrofisiológica, por exemplo, depressão cortical. Para o farmacologista, depressão refere-se ao efeito de drogas que diminui a atividade de um órgão doente (KAPLAN, & SADOCK & GREBB, 1997, p. 80-85).

Depressão (do latim depressione) é uma palavra frequentemente utilizada para descrever uma gama imensa de sentimentos negativos e sombrios. Em primeiro lugar, depressão não é um estado de tristeza profunda, nem desânimo, preguiça, estresse ou mau humor. A depressão é diferente da tristeza, pois a tristeza geralmente tem uma causa conhecida e duração determinada no tempo e no espaço. Já a depressão envolve uma gama de sentimentos difusos de longa duração no tempo e no espaço, geralmente relacionados à angustia. A depressão, enquanto evento psiquiátrico é algo bastante diferente da tristeza. Mesmo assim, em alguns casos, podemos considerar a depressão como uma reação natural da pessoa humana em períodos de transição, especialmente em tempos de mudanças e crescimento, em épocas que antecedem novos horizontes de amadurecimento do ser em constante processo de desenvolvimento. No entender de Henry Ey ( HENRY EY, 1985p. 183-237), na depressão, encontram-se associados ao distúrbio de humor, a inibição e o sofrimento moral. No entanto, para Kaplan & Sadock este distúrbio de humor é acompanhado de deficiências cognitivas, psicomotoras, psicofisiológicas e interpessoais. (KAPLAN, & SADOCK & GREBB, 1997, p. 80-85).

A psiquiatria moderna compreende a depressão como sendo uma desordem do funcionamento da bioquímica cerebral que afeta e compromete o funcionamento normal do organismo, com reflexos ou consequências na vida pessoal em seus aspectos emocionais ou psicológicos, familiares e sociais (SOLOMON, 2002). A doença depressiva deve, portanto, ser examinada sob o ponto de vista biológico, genético, cognitivo, social, história pessoal, econômica e espiritual. A depressão corresponde a um estado de doença no qual o cérebro e a mente têm seu funcionamento normal alterado e a personalidade do paciente sofre as consequências. Dizendo de outra forma, a depressão tem sua base biológica nas alterações bioquímicas e depende de condições psicológicas do meio ambiente para ser desencadeada.

Um olhar compreensivo sobre a depressão

A causa exata da depressão permanece desconhecida. A explicação mais plausível aponta para um desequilíbrio bioquímico especialmente na produção de endorfina e serotonina responsáveis nas sinapses dos neurônios pela produção e controle do estado de humor. Na depressão, bem como em todas as psicoses em geral, o sujeito sofre de alterações nas estruturas dos neurônios, mormente no funcionamento das sinapses. Essa afirmação baseia-se na comprovada eficácia dos antidepressivos. O fato de ser um desequilíbrio bioquímico não exclui tratamentos farmacológicos e psicológicos. A medicação apropriada pretende restaurar o equilíbrio bioquímico e a psicoterapia, o equilíbrio psicológico e pode levar a pessoa a obter uma compensação bioquímica.

Na atualidade o descobrimento de medicamentos antidepressivos colocou o tratamento com antidepressivos no primeiro plano no tratamento da depressão. Outro passo significativo para o tratamento da depressão, após o aparecimento, por volta dos anos 1950, dos primeiros fármacos antidepressivos, deve-se a um Prêmio Nobel, o americano Julius Axelrod, que, em 1960, descobriu as substâncias que permitem a transmissão dos impulsos nervosos (neurotransmissores). Graças a essa descoberta deu-se um passo a frente no conhecimento da noradrenalina e da serotonina, e foram desenvolvidos outros fármacos (tricíclicos e inibidores das monoaminoxidases), até se chegar aos modernos SSRIs, inibidores seletivos da recaptação da serotonina, aos NSRIs, inibidores seletivos da recaptação da noradrenalina etc.

A depressão manifesta-se quando determinados sistemas de transmissão entre as células do cérebro, ou seja, os neurônios, se alteram. Com efeito, para que o sistema nervoso funcione bem, é necessário que a transmissão das mensagens elétricas de um neurônio para outro ocorra através do ponto de contato entre uma célula e outra, que se designa por sinapse. Quando uma mensagem elétrica enviada por um neurônio chega à sinapse, provoca a liberação de determinadas substâncias químicas, os neurotransmissores, que funcionam como mensageiros, depois de passarem ao neurônio seguinte, onde provocam a saída de um novo sinal elétrico. Consequentemente, quando a atividade de alguns neurotransmissores se altera, podem ocorrer “transmissões perturbadas”. Especificamente no aparecimento da depressão, são dois os neurotransmissores principalmente implicados: a serotonina e a noradrenalina, que estão envolvidas em todas as funções que se apresentam alteradas durante a depressão e que provocam os sintomas característicos desta. (DEUS, 2008).

Parece existir correlação entre certos acontecimentos estressantes na vida das pessoas e o início de um episódio depressivo. Contudo, tais eventos não podem ser responsabilizados pela manutenção da depressão. Trabalhos recentes demonstram que mais do que a influência genética, o ambiente familiar durante a infância pode ser um dos fatores responsáveis pelos surtos depressivos. Os eventos estressantes oriundos do meio provavelmente disparam a depressão reativa nas pessoas predispostas, vulneráveis. Citamos como exemplo, o assédio moral no trabalho, que tem sido um fator desencadeante da depressão. A influência genética é considerada relevante. A relação entre etiologia, sintomas, processos bioquímicos, resposta ao tratamento e evolução dos transtornos de humor ou afetivos ainda não é suficientemente bem compreendida para permitir sua classificação de forma a receber aprovação universal (BAHS, 1999). Até o momento, nenhum marcador biológico definitivo para os distúrbios afetivos foi encontrado, sendo a questão de sua classificação ainda aberta e campo de acirradas discussões. (GUIMARÃES, 1993).

Os limites entre depressão e tristeza ainda não são muito claros. A tristeza é uma reação saudável do cérebro em situações de estresse: perda de um ente querido, perda do emprego, perda do amor, doença etc. A tristeza geralmente tem uma causa determinada. O sujeito sabe por que se encontra triste. Sabe exatamente qual é a causa da sua dor. Removendo-se a causa, a tristeza vai embora. (MALTA, , 2010,p.97). A depressão também gera tristeza. A tristeza do deprimido, por outro lado, manifesta-se difusa. Não tem uma causa certa. A depressão sem tratamento geralmente passa dos seis meses e as crises evoluem até dois anos ininterruptos.).

A depressão é a imperfeição no amor. O deprimido sofre pela ausência de amor. Ele não se sente amado e não ama. Não ama a Deus, não ama a si mesmo e, no mais das vezes, sente medo e ansiedade diante do amor demonstrado pelo outro. O deprimido também não consegue amar o próximo. Vive aprisionado aos próprios medos, angústias, ansiedades, desilusões e decepções reais ou imaginárias.

Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, nos próximos vinte anos, a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas.1 Segundo a OMS, a depressão será também a doença que mais gerará custos econômicos e sociais para os governos, devido aos gastos com tratamento para a população e às perdas de produção.

De acordo com o órgão, os países pobres são os que mais devem sofrer com o problema, já que são registrados mais casos de depressão nesses lugares do que em países desenvolvidos.

Depressão é solidão vazio existencial. Não aquela solidão natural a todo ser humano. É uma solidão maior. Trata-se daquela solidão diante do outro, o próprio Inferno de Dante. A depressão destrói a paz, o amor próprio e a segurança pessoal. Abala a fé e a esperança no futuro. É a mais segura das prisões humanas. O deprimido desacredita no amor, na fé e na esperança e mergulha no mais silencioso e terrível dos desesperos humano: o desespero acompanhado, aquele que não acredita, não suporta e nem aceita a ajuda de outrem. Fédida (FÉDIDA, 2002, p. 177),

Quando estão bem, alguns indivíduos deprimidos amam a si mesmos, alguns amam outros, alguns amam o trabalho e alguns amam a Deus: qualquer uma dessas paixões pode fornecer o sentido vital de propósito, que é o oposto da depressão. O amor nos abandona de tempos em tempos e nós abandonamos o amor. Na depressão a falta de significado de cada empreendimento e de cada emoção, a falta de significado da própria vida torna-se evidente. O único sentimento que resta nesse estado despido de amor é a insignificância.( RANGÉ, 2001, 145-150).

O deprimido sente uma tristeza infinita. Uma espécie de banzo. Não sabe por que está triste. Não tem controle sobre a própria tristeza. Está triste e pronto! Ter-se uma boa razão para a tristeza é bom; se não tiver motivo, melhor!

O deprimido é irritadiço. Neurastênico mesmo. Não tem domínio sobre as próprias emoções. Não tem paciência. Perde a cabeça com facilidade. Explode à toa! Não sabe a origem da própria irritação e nem precisa. Está sempre irritado, e isso basta!

A vida do deprimido é monótona. Parece mais um sonho em preto e branco, ou melhor, um filme em branco e preto. O tempo arrasta-se em uma sucessão de eventos sem lógica, sem sentido. A vida não tem sentido. O trabalho não faz sentido. O dia parece apenas uma sucessão de fatos marcados pelos atos rotineiros de comer, beber, dormir e acordar. Acordar para fazer tudo novamente!

O depressivo chora. Chora profundamente. Soluça! Não sabe por que chora. Chora com motivo ou sem motivo. O choro é acompanhado de uma dor profunda, que nasce no fundo da alma. Dor que dilacera o coração, que derrama a vida como um balde despejado. O sorriso desaparece no rosto da depressão. A face do deprimido é uma máscara de dor e sofrimento. Às vezes é somente uma cara inexpressiva, neutra, sem sentimento, a cara da depressão.(SOLOMON, 2002)

O fracasso é o melhor companheiro daquele que padece de depressão. Sente-se fracassado o tempo todo. Acaricia o fracasso como a um amigo íntimo. Não divisa possibilidade alguma de sucesso. Este mais parece uma miragem! Não tem autoconfiança. A vida é uma areia movediça. E parece esvair-se aos seus pés. Parece que Deus se diverte em culpá-lo, castigá-lo, feri-lo, humilhá-lo. O amor próprio desaparece. Em seu lugar, fica aquele sentimento de vazio que todo deprimido conhece.

A depressão gera insônia. O deprimido troca o dia pela noite. O sujeito deprimido passa a ter hábitos noturnos. Quando a noite cai, principia a acordar, quando o dia amanhece, começa a dormir. O melhor lugar do mundo, o mais aconchegante, o mais macio, o mais confortável, o mais confiável é a cama. O deprimido tem a cama presa às suas costas. Ele e a cama são irmãos siameses. Quando consegue dormir, não quer mais acordar. O sono aparece como o último refúgio.

A depressão esparrama a concentração e fragiliza a vontade. O deprimido não consegue se concentrar nas atividades mais simples da vida cotidiana. Também não sente vontade de fazer nada. Sua concentração é dispersa e sua vontade é frouxa, difusa, nula. Ele começa inúmeros projetos, contudo não persevera em nenhum. Tem muita dificuldade de levar um projeto até o fim. (DEL PORTO, 2000).

Sua sexualidade torna-se descontrolada. Geralmente não tem vontade de manter relações sexuais, o interesse pelo sexo praticamente desaparece. Quando a vontade ressurge, contudo, é exagerada, sem limites… O deprimido, as vezes, pode oscilar entre dois extremos: da pureza a libertinagem.

A depressão culmina no namoro com a morte, que aparece, no mais das vezes, como a única saída. O deprimido sabe que alguma coisa está morrendo em si mesmo. Não sabe o que é e, por isso, acredita que a morte pode acabar com tudo que está errado de uma só vez. Finalmente, o risco de suicídio não deve ser subestimado. Cerca de 25% dos deprimidos que não são devidamente tratados tentam pôr término à vida, e cerca de metade consegue levar a cabo os seus intentos (DEUS, 2008). Os deprimidos que se suicidam têm baixos níveis de serotonina no cérebro e a carência desse neurotransmissor pode favorecer comportamentos depressivos e agressivos, potencializando o risco de suicídio. Com tratamento correto, 70% a 90% dos pacientes deprimidos recuperam-se (DEUS, 2008).

Alterações do apetite (mais comumente a perda do apetite, podendo também ocorrer o seu aumento). Muitas vezes a pessoa precisa esforçar-se para comer, ou ser ajudada por terceiros a se alimentar. Algumas formas específicas de depressão acompanham-se de aumento de apetite (hiperfagia), que se mostra caracteristicamente aguçado por açúcar e doces

A depressão é entremeada por estados de ansiedade, que não tem hora para aparecer. É um inimigo oculto e comum a todo deprimido. A ansiedade às vezes produz exaltação, irritação, fome, paralisação. Todo estado de ansiedade generalizada esconde uma depressão, escamoteia um luto. As crises de ansiedade da síndrome de pânico obnubilam geralmente um quadro depressivo grave. .(RANGÉ, 2001,150-200).

Metaforicamente a depressão é um túnel do qual parece impossível sair; um abismo cinzento que engole a vontade de viver; o vazio, a angústia que aperta a garganta; uma solidão sem fim. Um poço sem fundo que teima em atrair o deprimido para o seu interior desconhecido. A depressão tem muitos nomes, todos terríveis.

Pode-se afirmar que, para todos os deprimidos, descrever a sensação de inutilidade, tristeza, angústia é quase inútil, porque tal vivência no interior da alma do deprimido significa que qualquer coisa se rompe subitamente e faz cair à vida em pedaços, sem deixar qualquer saída. E, ao mesmo tempo, o sofrimento é tão grande que o isola completamente do mundo exterior, a ponto de parecer que os outros não conseguem compreender o tormento interior que dilacera a sua existência. A depressão, nestes casos, produz aquele sentimento de estranhamento diante do mundo e do outro que todo deprimido conhece muito bem. Episódios depressivos e quadros de depressão podem acontecer em todas as fases do desenvolvimento humano.

 

Depressão na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung

Carl Gustav Jung (JUNG,1994, p. 199-219) adota uma explicação da depressão considerando seus aspectos redutivos, negativos, bem como seus aspectos progressivos, positivos. Em relação ao primeiro, ele segue a interpretação freudiana segundo a qual, de um lado, a psicogênese da depressão deve ser rastreada nas experiências da primeira metade da vida, nas experiências infantis de separação ou perda da figura materna, nas experiências de privação afetiva. Nesse primeiro movimento, por um mecanismo de introjeção, o sujeito redireciona à energia psíquica contra si mesmo. A libido passa a ser consumida na melancolia. Todo o medo, toda a angústia, todo o sofrimento provocado pela perda do objeto amado volta-se contra o self. O self passa a consumir esta energia num sofrimento constante. Este modelo leva o paciente a compreender as causas e o sentido da depressão. Busca não só o porquê do sofrimento; busca também o para quê! Na análise junguiana, o paciente precisa compreender a necessidade de reformular suas atitudes perante à vida cotidiana. Essa reformulação envolve as atitudes relacionadas a seguir: retirar-se da pressão da vida cotidiana; buscar o essencial por meio da contemplação e da meditação. Buscar o centro de si mesmo e da própria existência; adentrar o medo até ver ruírem as defesas que causam a repressão da energia e produzem a depressão; aprender a enfrentar e responder aos desafios da existência humana; aceitar a mortalidade do corpo e a imortalidade da alma; acordar para as próprias necessidades; reconciliar-se com o biorritmo próprio; encontrar o sentido da vida para dar vazão à energia represada, aceitar conscientemente os próprios papéis sociais; procurar resolver os problemas do sono; criar uma rotina para si mesmo e cumpri-la; encontrar formas saudáveis para expiar as próprias culpas, sejam reais ou imaginárias.

A análise junguiana ( DAWSON;YOUNG-EISENDRATH, 2002, p. 183-212) é um relacionamento dialético de longo prazo, no mínimo dois anos de duração. Consiste em um trabalho dirigido para a investigação do inconsciente do paciente, seus conteúdos e processos, a fim de aliviar uma condição psíquica sentida como problemática para a vida cotidiana, posto que já interfere nas relações, no trabalho, na administração do tempo e, até mesmo, nos estudos do paciente.

A depressão pode ser neurótica ou psicótica. Embora tenha sempre como ponto de partida a queixa do paciente, a análise procura envolver a história de vida, o presente e o futuro dentro do contexto da pessoa analisada. O analista, busca compreender o sintoma apresentado dentro do processo de individuação vivenciado pelo sujeito.

 

Realmente é impossível fazer o tratamento da alma e da personalidade humana, isolando umas partes do resto. Nos distúrbios psíquicos talvez apareça com maior clareza do que nas doenças físicas, que a alma é um todo, onde tudo depende de tudo. Com a sua neurose, o doente não nos põe em presença de uma especialidade, mas de toda uma alma, e com ela, de todo um mundo; essa alma depende dele, e sem ele nunca será possível entendê-la satisfatoriamente. (JUNG, 1988, p. 91).

 

 

Depressão e Religião

Depressão no xamanismo. Nas sociedades primitivas, no mais das vezes, o médico feiticeiro, o pagé, o xamã, era o Pater Familia, o sumo sacerdote, o curandeiro da tribo, a quem cabia controlar não só as forças da natureza, como também as forças espirituais e os seres do mundo dos espíritos. A vocação do xamã geralmente é iniciada com um transe, um sonho revelador, uma intuição etc. Após a revelação, o candidato a xamã deve passar pelos ritos iniciáticos, antes de começar sua jornada. Esses ritos incluem o isolamento, a beberagem de ervas alucinógenas e o domínio da magia e das forças da natureza. No longo período de isolamento, o médico feiticeiro é desafiado a controlar seus próprios demônios e os demônios do mundo espiritual. Só após passar por essa fase, está apto a desempenhar o seu papel na comunidade dos homens.

O xamanismo é a mais antiga prática espiritual, médica e terapêutica da humanidade. Consiste num conjunto de crenças ancestrais. Fundamenta-se em um processo de introspecções de profundo significado, no contato com realidades do inconsciente coletivo gravadas no inconsciente pessoal e com o mundo espiritual.(ELIADE, 2002, P. 15-40_

Este contato leva a obtenção de autoconhecimento, a busca do poder pessoal, e contribui para a cura de problemas espirituais e psicológicos entre os povos primitivos. Sua prática estabelece contato com outros espectros da consciência, a fim de obter o transe que leva ao conhecimento, poder, equilíbrio, saúde. O transe propicia tranquilidade, paz, profunda concentração, estimula o bem estar físico, psicológico e espiritual. (KAKAR, 1993, p. 139-143).

O xamã pode ser homem ou mulher. É o mago, o curandeiro, o bruxo, o médico, o terapeuta, o conselheiro, o contador de estórias, o líder espiritual, o sacerdote etc. Ele é o explorador e o guia da consciência humana. Sua função como guia espiritual é levar o sujeito do mundo obscuro, do domínio da sombra que representa, a sair da depressão, reconhecendo os seus limites, ampliando a sua limitada visão pessoal do mundo. O guia espiritual, neste caso, tem também a função de conduzir o deprimido para encontrar sentido para a sua dor. Este sentido deve ser buscado em um plano mais espiritual, mais universal. (ELIADE, 2002, p. 49-84).

Os xamãs são capazes de produzir os estados alterados da consciência (EAC), estados de êxtase desconhecidos para o homem comum, e de se relacionar com outras realidades espirituais. Os xamãs são seres privilegiados por viverem entre o mundo material e o reino invisível dos espíritos. Por meio de um chamado interior, ele vive um confronto existencial que o força a sair da zona de conforto, do falso brilho, da alienação. Reforçando a coragem e a determinação, mobilizado por visões, introversões e vivências, expande a sua consciência, podendo processar transformações profundas na sua vida e na comunidade. Nas sociedades primitivas, o xamanismo resgata a relação sagrada do homem com o mundo espiritual e com a natureza.(ELIADE, 2002).

A iniciação xamanista possui um caráter intenso e dramático. O xamã pretende manipular certas forças sobrenaturais, e para tornar-se capaz de curar outros homens deve submeter-se aos males de seus futuros doentes, a violência maléfica. É preciso que demonstre não somente ser o protegido da violência espiritual do mal, como participar de seu poder, conseguindo controlar até certo ponto a metamorfose do maléfico em beneficio do bem.

Os xamãs detinham um papel importante na vida dos membros de suas tribos e eram os protetores e os intermediários entre os humanos e os espíritos. O treinamento e o desenvolvimento de futuros xamãs demoravam vários anos. Tão logo o clã reconhecia um candidato a xamã, o sujeito era submetido a um ritual de consagração. Outros rituais também eram obrigatórios, nos quais o Xamã recebia cada um de seus objetos especiais de encantamento da realidade, de cura das enfermidades e de invocação dos espíritos.

A prática xamanista assemelha-se a uma representação teatral, o xamã desempenha simultaneamente todos os papéis, mas principalmente o de alguém que reúne e domina forças benéficas que acabam por derrotar as maléficas. A expulsão final é frequentemente acompanhada de um simbolismo material. O curandeiro exibe um ramo, um pedaço de algodão ou um objeto qualquer que afirma ter extraído do corpo de seu doente e que afirma ser o responsável pela doença.

No xamanismo a depressão é assimilada à crise espiritual, a prevalência da força do mal sobre a força do bem. Essa vitória do mal sobre o bem pode conduzir à morte ou à cura, sempre interpretada como expulsão de impurezas, sejam espirituais, os maus espíritos, ou sejam materiais, o objeto xamanístico, um katharma.

Ainda aqui se trata de repetir o que aconteceu na primeira vez, de ajudar o doente a produzir sua própria cura, assim como toda comunidade a produz. O objeto mágico que foi introduzido no organismo traz a desordem do mundo para a alma humana. No xamanismo o doente tem a mesma função de um ser expiatório. Quando o xamã afirma extrair a doença sob a forma de um objeto e ou espírito, ele transporta e transpõe a interpretação já mítica para o corpo de seu doente e para o pequeno objeto incriminado.(BELTRÁN, 1992, p. 1-20).

Existe, ao lado do uso religioso e do uso xamanístico, o uso propriamente médico do termo katharsis. Um remédio catártico é uma droga que provoca a evacuação de humores, ou de matérias maléficas. Imagina-se que este remédio participa da mesma natureza do mal, provocando uma crise salutar, de onde emergirá a cura. No caso do tratamento da depressão por estes meios, emprega-se o princípio da purgação, transforma-se a violência da depressão em uma espécie de impureza, de sujeira do espírito, que agora, nesta condição, pode ser extirpada. Nesta classe das alternativas de tratamento inclui-se a Homeopatia.

Hoje numerosos doutores e psicoterapeutas defendem e utilizam as técnicas ancestrais para atingir outras realidades, para a cura no tratamento de certas desordens do corpo e da alma. A melhor definição talvez tenha sido aquela de Mircea Eliade, segundo a qual o xamã é alguém capaz de abandonar seu corpo e viajar entre os mundos material e espiritual.(ELIADE, 2002, 85-134). O conhecimento adquirido nessas viagens, entre outras coisas, qualifica o xamã a manter o bem-estar e a cura para ele próprio e para os membros de sua comunidade. Mas é essa facilidade de transitar, nessa viagem extática, que define o xamã como aquele que voa para enxergar a realidade existente por trás dos conceitos, a fim de trilhar o caminho sagrado, da consciência, atravessando os portais da mente, das emoções, do corpo e do espírito. (BELTRÁN, 1992).

Então, o xamanismo é a aplicação de uma determinada tecnologia do misticismo por meio da técnica do êxtase – um conjunto de procedimentos para exercitar o controle de acesso aos conteúdos inconscientes. O praticante explora a estrutura de sua própria consciência e vai compreendendo como os fatos acontecem na sua vida, deixando de ser vítima das circunstâncias. O ritual do êxtase pode atuar sobre as reservas de energia do cérebro, liberando-as para trazer o deprimido de volta ao caminho da vida. Praticando a sabedoria das antigas tradições adaptadas ao mundo atual e ao estado atual da alma humana, o trabalho é feito com tambores, canções, meditações, instrumentos de poder, danças, respirações, visualizações, histórias, vivências e muito, muito envolvimento emocional.

A depressão na cultura budista. Outra tradição importante na cura das depressões encontra-se na cultura Hindu. Conforme afirma Kakar,(KAKAR, 1993, P. 388-400) as técnicas psicoterápicas da Índia baseiam-se na ênfase budista sobre a necessidade de se afastar do apego ao mundo exterior para se dedicar à busca do mundo interior. As aplicações dos conceitos budistas no tratamento das desordens mentais resultaram no desenvolvimento de uma técnica psicológica de meditação com o objetivo de alcançar o supremo estágio do desapego, o nirvana – um lugar tranqüilo, desprovido de todo esforço e paixão, marcado pelo profundo aniquilamento do eu. O eu é substituído pelo self. (CASTANEDA, 1998, P. 155).

O nirvana deve ser atingido por uma sucessão de quatro estágios de meditação (jhana), que produzem uma anulação do trauma do nascimento, que é considerado o começo dos males do homem. O objetivo desta prática hindu, portanto, é produzir a regressão psicológica até atingir o estado pré-natal de absoluto esquecimento da realidade. Este é o estado do ser puro, no qual se espera obter a eliminação entre o sujeito e o objeto.

No primeiro estágio de jhana, o mundo é renunciado como símbolo do mal; o desprezo pelo mundo resulta na renuncia a todos os desejos mundanos, e o sujeito, neste estágio, é perseguido pela tristeza ou melancolia.

No segundo estágio, o estado de tristeza é substituído por amor a si mesmo. Isto é, em um esforço para tirar do eu todo apego, inclusive às coisas espirituais. Este estado representa uma regressão ainda maior e assemelha-se aos estados psicóticos da depressão de grande mal, em que o desejo do sujeito volta-se totalmente para si mesmo.

No terceiro estágio, o sentimento de prazer provocado pelo amor a si mesmo diminui e o sujeito é dominado pelo sentimento de apatia, próprio de alguns estados depressivos produzidos experimentalmente.

No quarto estágio, o indivíduo experimenta o completo vazio de si mesmo.

A partir dessa tecnologia budista, a meditação como a yoga, em suas várias formas, vem sendo utilizada como coadjuvante no tratamento da depressão, e especialmente nos estados de ansiedade generalizada e síndrome de pânico. A psicoterapia comportamental cognitiva2, de modo geral, recomenda a meditação como forma de superar a depressão e os estados de ansiedade generalizados comuns na Síndrome do Pânico. Para aqueles cristãos que encontram dificuldade na utilização da yoga, este autor recomenda um modelo de meditação e relaxamento, desenvolvido no ocidente, denominado treinamento autógeno. (RANGÉ, 2001).

Depressão e Crenças Religiosas. A Depressão é atualmente considerada pela Organização Mundial de Saúde como um dos transtornos mais comuns das enfermidades mentais. O desenvolvimento da medicina psiquiátrica vem possibilitando observações clínicas há mais de um século e já sugerem estudos que apontam para uma relação entre depressão e religiosidade, o envolvimento religioso ainda é uma variável pouco incluída em estudos epidemiológicos de sintomas e transtornos depressivos. As pesquisas mais recentes têm procurado investigar a relação existente entre depressão e diversos grupos religiosos, níveis de envolvimento religioso e o quanto esse envolvimento pode influenciar como as pessoas lidam com eventos de vida negativos. A maioria desses estudos tem apontado que o nível de envolvimento religioso está inversamente associado ao nível de sintomas depressivos. O tamanho dessa associação, embora modesto, é similar ao encontrado na relação entre depressão e gênero, uma das variáveis mais significativas nos transtornos do humor. A associação entre religiosidade e depressão se mantém entre as diferentes faixas etárias, gêneros ou etnias.

Crenças religiosas influenciam o modo como pessoas lidam com situações de estresse, sofrimento e problemas vitais? A religiosidade pode proporcionar à pessoa maior aceitação, firmeza e adaptação a situações difíceis de vida, gerando paz, autoconfiança e perdão, e uma imagem positiva de si mesmo? A religião pode influenciar positivamente ou negativamente no tratamento da depressão? A religião pode tanto orientar a pessoa de maneira rígida e inflexível, desestimulando a busca de cuidados médicos, como podem ajudá-la a integrar-se a uma comunidade e motivá-la para o tratamento. Essas e outras questões precisam ser respondidas pelos pesquisadores, especialmente aqueles que trabalham na interface da psicologia com a religião nas ciências da religião. (TAMAYO, 1988; FRAZIER, 1998).

Geraldo Paiva é de opinião que as pessoas cujo sofrimento “religioso” tem a natureza de um enfrentamento “sagrado” mobilizam cognições, motivações, pulsões que dispõem uma nova configuração da existência e podem atingir, mediante o sistema imunológico, a faixa do biológico no homem. As religiões naturais e, até certo ponto, as religiões da palavra embutidas num sistema de pré-modernidade ensejam o recurso ao sagrado e podem, por isso, ser objeto de um juízo psicológico, inclusive quanto a sua eficácia singular no enfretamento de algumas situações de estresse. (PAIVA, 2007).

A saúde e a doença não são imunes as crenças sejam elas científicas ou religiosas. É frequente que psiquiatras, psicólogos e outros profissionais de saúde mental ignorem ou critiquem crenças religiosas de seus pacientes. É também frequente que líderes religiosos tenham reservas em relação aos tratamentos em saúde mental. Entretanto, pacientes psiquiátricos dão grande importância às suas crenças e atribuem a elas um papel primordial no lidar com sua doença. Vários autores têm identificado problemas para pacientes que têm um modelo de doença muito diferente de seus médicos, resultando em pior adesão ao tratamento. Os resultados sugerem ser essa uma área que merece esforços no sentido de reduzir as incertezas existentes (KIROV, 1998).

Clyde Narramore, (NARRAMORRE, 2000, p.81-86), foi um dos primeiros evangélicos a ficar famoso como psicólogo. Propôs uma visão tricotômica para resolver este conflito: o médico cuidaria dos problemas do corpo; o pastor cuidaria dos problemas espirituais; o psicólogo cuidaria dos problemas emocionais e psicológicos. O psicólogo Ken Wilber, (WILBER,1993,p. 204-236) um dos fundadores da Psicologia Transpessoal, incluiu na teoria de Carl Gustav Jung(JUNG, 1988, p. 134) o conceito de Inconsciente Espiritual para que se considere o papel das crenças religiosas na abordagens das doenças psicossomáticas. Desde Jung, a religião foi considerada como uma das primeiras psicoterapias humanas no combate aos males da alma. Jung considerava a depressão como uma defesa da mente contra os sofrimentos da realidade. Isto é, a depressão é o melhor estado da mente frente ao sofrimento imposto pela realidade. De qualquer modo, a espiritualidade do paciente precisa ser considerada em qualquer estratégia de abordagem para um melhor prognóstico.

Adrew Solomom na obra O demônio do meio dia, uma anatomia da depressão, lista inúmeras formas de tratamentos existentes. O século XX, marcado pelo cientificismo, foi palco do antagonismo entre a fé e a razão, a religião e a ciência. A psiquiatria e mesmo a psicologia considerava a intervenção religiosa sobre a depressão com certa desconfiança. Esse quadro está em rápida mudança. O tratamento da depressão, atualmente, recomenda a utilização de algumas estratégias conjugadas: a) o tratamento psicofarmacológico; b) o tratamento espiritual; c) o tratamento psicoterápico ou psicológico; d) a qualidade de vida e; e) o acolhimento do grupo família. (SOLOMON, 2002, P. 100-120).

Ultimamente algumas pesquisa tem demonstrado as relações entre saúde e crença religiosa no Brasil. Pérsio Gomes de Deus (DEUS, 2008; 2010). realizou uma pesquisa com 50 prontuários de pacientes religiosos, evangélicos, portadores de depressão, seus pacientes. Os quais foram submetidos espontaneamente a tratamento médico psiquiátrico num consultório médico localizado na região sul da cidade de São Paulo e foram acompanhados durante o período de seis meses. Este autor utilizou como instrumento de pesquisa a anamnese e uma entrevista semi-dirigida. Da analise desta amostra os dados mais significativos estão colocados de forma sintética abaixo:

  1. Os cristãos aqui pesquisados em sua grande maioria não enxergam a depressão como doença, antes a compreendem como problema espiritual

  2. A totalidade dos pentecostais e neopentecostais desta amostragem atribui a causa da doença a problemas espirituais; em sua esmagadora maioria diretamente ligadas à ação do demônio – 100% dentro da amostra.

  3. Dentre os cristãos históricos representados neste estudo de caso, mais da metade referiu como causalidade problemas espirituais – pecado, falta de fé, problemas espirituais; o restante referiu causas devidas a stress profissional, problemas conjugais, hereditariedade e também desconhecimento da causa – mesmos estes tiveram dificuldade na procura por tratamento especializado.

  4. Esta dificuldade em compreender a depressão enquanto doença causou prejuízo quanto à procura por tratamento especializado, e consequente alívio da doença e das limitações por ela imposta.

  5. A doença depressiva verificada, neste levantamento, pôde causar comprometimento da fé no sentido de seu enfraquecimento. Houve influência positiva da fé quanto aos resultados dos tratamentos – 92% desta amostra.

  6. Porcentagem significativa de religiosos (pastores), na amostra, apresentam particularidades que necessitam mais estudos para melhor compreensão dos dados encontrados.(DEUES, 2008, p. 113-122).

 

Considerações Finais

A depressão é citada por muitos como sendo a doença do século. Segundo a Organização Mundial da Saúde, neste início do século XXI, a depressão representa a quarta maior causa de perda de anos de vida sadios depois do HIV, do câncer e das doenças cardiovasculares.

O conhecimento sobre a relação entre práticas religiosas e saúde mental é reconhecido como uma estratégia importante de proteção em saúde, sendo importante em estudos da natureza. A possibilidade de conciliação de estratégias de tratamento associadas ao respeito a crenças e cultura locais. Os benefícios de uma associação entre os recursos da medicina convencional e outras tradições devem ser considerados em nome do bem-estar de muitas pessoas com crenças religiosas e espirituais.

As pesquisas sobre depressão no contexto da religião ainda são escassas no Brasil. Este trabalho busca contribuir para preencher essa lacuna, haja visto, que cada vez mais os quadros depressivos e aspectos próprios da experiência religiosa encontram-se intimamente relacionados e, por vezes, são confundidos tanto pelos religiosos quanto por alguns profissionais da medicina e da psicologia. Esta confusão pode ser potencializada quando o profissional de saúde comunga da mesma fé religiosa que o seu paciente.

A relação entre doença mental e experiência religiosa foi trabalhada por Carl Gustav Jung e abriu a possibilidade de um diagnóstico diferencial entre saúde mental e vivencias puramente espiritual (JUNG,, 1980, p. 329-358). As vivências espirituais não podem ser confundidas com os quadros as psicopatologia. Por outro lado as afecções psicopatológicas não podem ser consideradas vivencias espirituais. É isso que discutimos nesta pesquisa em relação a depressão.

 

Jung (JUNG,1980) demonstrou ainda que a doença mental e a experiência religiosa apresentam rituais e práticas muito semelhantes na sua evolução, especialmente naqueles casos da esquizofrenia. Essa proposição de Jung foi demonstrada pelas pesquisas de Nise da Silveira ( SILVEIRA, 1981,p. 11-13) com mais de uma centena de pacientes em mais de quatro décadas, e hoje se encontram no acervo do Museu das Imagens do Inconsciente no Hospital Pedro II.

Jung postula que a doença mental é a melhor condição da mente humana diante da realidade. A mente adoece para preservar sua própria psique, a sobrevivência da sua mente. Depressão está ligada à repressão em seus aspetos regenerativos e enriquecedores. A energia psíquica volta-se para o próprio indivíduo em um processo forçado de introversão. A energia introjetada fica represada e precisa ser consumida no sofrimento, na dor, na angústia produzindo a depressão.

Atividades como meditar e orar podem auxiliar outras pessoas com depressão a reduzir a solidão, a sensação de isolamento e também impedir que o paciente fique obsessivamente ruminado seus problemas. O envolvimento religioso parece capacitar indivíduos com doenças graves a lidar melhor com esta experiência e a vivenciar um crescimento psicológico a partir destas experiências.(DEUS, 2010: GOMES, 2010).

 

Este pesquisador tem consciência de que alguns aspectos do texto precisam ser aprofundados e comprovados empiricamente. Essas comprovações podem ser levadas a cabo por outros pesquisadores, que poderão inclusive explicitar melhor as relações entre religião e depressão. Propõe que, outras pesquisas precisam ser realizadas para responder aos questionamentos que foram aparecendo ao longo deste ensaio de depressão e mesmo esclarecer aspectos ligados à fase de mania dos transtornos bipolares, que foram deixados de lado neste texto.

 

A relação entre doença mental e experiência religiosa foi trabalhada por Carl Gustav Jung e abriu a possibilidade de um diagnóstico diferencial entre saúde mental e vivencias puramente espirituais3. As vivências espirituais não podem ser confundidas com os quadros psicopatológicos. Por outro lado as afecções psicopatológicas não podem ser consideradas vivencias espirituais. É isso que discutimos nesta pesquisa em relação a depressão.

Jung postula que a doença mental é a melhor condição da mente humana diante da realidade. A mente adoece para preservar sua própria psique, a sobrevivência da sua mente. Depressão está ligada à repressão em seus aspetos regenerativos e enriquecedores. A energia psíquica volta-se para o próprio indivíduo em um processo forçado de introversão. A energia introjetada fica represada e precisa ser consumida no sofrimento, na dor, na angústia produzindo a depressão.

 

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2 RANGÉ, Bernard et alli. Psicoterapias cognitivo-comportamentais. Um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegre: ARTMED, 2001, p. 145-275.

3 JUNG, Carl Gustav. Psicologia da religião ocidental e oriental. Petrópolis: Vozes, 1980, p. 329-358.

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