O Complexo Cultural em Carl Gustav Jung

Antonio Maspoli

Introdução

Antes de introduzirmos o conceito de complexo cultural, precisamos estabelecer a relação entre essa teoria e a teoria dos complexos de Carl Gustav Jung (1875-1961). A teoria dos complexos desenvolvida por Jung é a base para a construção da teoria do complexo cultural. Tal teoria surgiu como resultado das pesquisas de Jung com o Teste de Reação Verbal, nos anos em que ele trabalhou no Hospital Burghölzli, em Zurique. Os nove anos que Jung passou nesse hospital foram de trabalho intenso e denso. Após a publicação da sua tese de doutorado e de alguns artigos sobre a clínica, Jung se concentrou no desenvolvimento do Teste de Associação Verbal, na busca para aproximar a sua psicologia da psicologia experimental (JUNG, 1975; 1994; 1997).

O Complexo em Carl Gustav Jung

O Teste de Associação de Palavras nasce das pesquisas de Jung em 1904, no Laboratório de Psicologia Experimental de Psicopatologia. Jung constrói seu estudo a partir do experimento do tempo de reação,desenvolvido por Wilhelm Wundt, em 1875 (PENNA, 2013).

O teste consiste em pronunciar perante o sujeito uma série de palavras comuns previamente escolhidas e, depois, pede-se a ele para falar a primeira palavra que lhe vem à mente. Jung observava e cronometrava, com a máxima precisão possível, as emoções, os sentimentos e o tempo de reação do sujeito, diante da palavra ouvida, bem como o relato do sujeito sobre a palavra lembrada por ele. Um longo tempo de reação bem como as reações emocionais do sujeito apontavam para a existência de um complexo psicológico (JUNG, 1975).

Ellenberger (1974) afirma que o Teste de Reação Verbal de Jung retoma os métodos utilizados por Galton, que empregava uma técnica semelhante para explorar os recessos mais escondidos do espírito humano.

O Teste de Associação Verbal registra um aumento do tempo de reação quando a palavra tem um sentido assustador para o sujeito. Jung chamou as causas psicológicas subjacentes às reações às palavras de complexo de representação emotivamente produzido e, mais tarde, denominou esse fenômeno simplesmente complexo. O complexo jaz no inconsciente. “A experiência de associações prova eloquentemente tudo isso. Nada podemos fazer. O complexo é, por assim dizer, uma individualidade psíquica à parte, subtraída, em maior ou menor medida, ao comando hierarquizante da consciência do eu. ” (JUNG, 1975, p. 207).

A metodologia de Jung era o teste de associação de palavras, e ele buscava os fatores internos que conduziam a distúrbios na função normal do ego, medidos como fluxo irrestrito de associação a uma lista de palavras de estimulo. Jung descobriu que o fluxo normal de associação do paciente era geralmente dificultado por vários afetos, daí a expressão “complexo intensificado pelo sentimento”. Quando Jung agrupou ainda essas palavras ligadas aos afetos, elas pareceram revelar um tema comum, mas esse tema decididamente não era sempre a sexualidade. (KALSCHED, 2013, p. 140).

Eugen Bleuler (1911, apud ELLENBERGER, 1974) introduziu o teste de Jung em Burghölzli, para complementar os exames clínicos da esquizofrenia. Ele acreditava que o sintoma fundamental da esquizofrenia era certo relaxamento da consciência para a tensão das associações verbais e confirma as pesquisas sobre a esquizofrenia com o Teste de Associação Verbal de Jung.  O objetivo principal de Jung com o Teste de Associação de Palavras foi estabelecer a direção e o sentido dos complexos, na análise. Ele distinguiu os complexos em três categorias: complexos normais, complexos acidentais e complexos permanentes. Os complexos normais são aqueles que não afetam a psique do sujeito, como por exemplo o trauma do nascimento. Os completox acidentais são aqueles de curta duração na experiencia do sujeito, como os complexos que podem ser vivenciados numa experiencia traumática e depois dissolvidos naturalmente. Já os complexos permanentes são aquqles que fazem parte da personalidade do sujeito.

Na concepção de Jung, os complexos originam-se de conflitos e traumas pessoais ou coletivos. Devido a esse conflito, um determinado conteúdo é separado do ego e da consciência, permanecendo no inconsciente e nele fazendo inúmeras relações com conteúdos afetivos afins, formando uma entidade psíquica. O conceito de complexo em Carl Gustav Jung (1998) é um constructo psicológico denso.

O que é, portanto, cientificamente falando, um “complexo afetivo”? É a imagem de uma determinada situação psíquica de forte carga emocional e, além disso, incompatível com as disposições ou atitude habitual da consciência. Esta imagem é dotada de poderosa coerência interior e tem sua tonaliade própria e goza de um grau relativamente elevado de autonomia, vale dizer: está sujeita ao controle das disposições da consciência até um certo limite e, por isto, se comporta, na esfera do consciente, como um corpus alienum corpo estranho, animado de vida própria. (JUNG, 1998, p. 99).

A etiologia dos complexos encontra-se num choque emocional, num trauma, nalgum incidente análogo, ou mesmo num conflito moral etc. Em todos esses casos, a intensidade do choque emocional foi tamanha que produziu uma cisão e/ou uma dissociação do campo do sujeito. Os complexos reprimidos no inconsciente ganham vida própria e podem emergir na consciência do sujeito como se fora uma possessão (JUNG, 1974).

A repressão do trauma não resolve nem absolve o sujeito do sofrimento psíquico. O trauma continua vivo e presente no inconsciente. O trauma interfere por meio da dissociação e do complexo na vida do sujeito. Memória, cognição, afetos e sentimentos podem atuar de forma segmentada e descontínua na consciência do sujeito. “Isso significa que os elementos normalmente unificados da consciência (isto é, a conscientização cognitiva, o afeto, a sensação, a imagística) não têm permissão para se integrar ” (KALSCHED, 2013, p. 31). Os complexos são grandezas afetivas autônomas de conteúdo psíquico inconsciente. Um complexo pode apresentar graus diversos de tonalidade afetiva. Quando interferem no comportamento do sujeito, os complexos podem alterar a linguagem, a memória, a afetividade e mesmo a saúde.

Quem estiver sob a influência de um complexo predominante, assimila, compreende e concebe os dados novos que surgem em sua vida, em conformidade com este complexo, ao qual ficam submetidos; em resumo: o indivíduo vive momentaneamente em função do seu complexo, como se vivesse num imutável preconceito originário. (JUNG, 1975, p. 206).

Jung comparou os complexos normais entre homens e mulheres. Nas mulheres, predominam os complexos eróticos e relacionais, geralmente relacionados à família, à gravidez, aos filhos e ao casamento.  Nos homens, destacam-se os complexos sistêmicos de poder e ambição, superioridade/inferioridade, isto é, a busca de sucesso tem precedência sobre os complexos eróticos. Os complexos acidentais se reportam a fatos específicos da vida do paciente. Já os complexos permanentes ocorrem naqueles sujeitos portadores de histeria e/ou de demência precoce (ELLENBERGER, 1974).

Hoje em dia podemos considerar como mais ou menos certo que os complexos são aspectos parciais da psique dissociados. A etiologia de sua origem é muitas vezes um chamado trauma, um choque emocional, ou coisa semelhante, que arrancou fora um pedaço da psique. Umas das causas mais frequentes é na realidade um conflito moral cuja razão última reside na impossibilidade aparente de aderir a totalidade da natureza humana. Esta impossibilidade pressupõe uma dissociação imediata, quer a consciência do eu o saiba quer não. Regra geral, há uma inconsciência pronunciada a respeito dos complexos, e isto naturalmente lhes confere uma liberdade ainda maior. (JUNG, 1998, p. 100-101).

Os complexos psicológicos tanto podem manifestar-se num determinado sujeito como num grupo social específico. Os complexos que existem nos sujeitos são os complexos psicológicos. Já os complexos que se manifestam nos povos são denominados complexos culturais.

O complexo cultural

Um novo capítulo se abre com a teoria dos complexos culturais. Os complexos culturais colocam o sujeito e a doença mental no contexto da cultura. Além da história pessoal, há de se considerar a história do grupo. Além do trauma pessoal, há de se levar em conta o trauma coletivo. Diferenciar os complexos, em âmbito pessoal, cultural e coletivo, requer muita atenção a cada um desses reinos, sem condensação ou foco de um para o outro.

Finalmente, complexos culturais são baseados em experiências repetitivas, grupos históricos que se enraizaram na psique coletiva dos grupos e nas psiques individuais/coletivos de cada um dos membros do grupo. Pode-se pensar os complexos culturais como os blocos de construção fundamentais conteúdo árido de uma sociologia interior. (SINGER, 2004, p. 19).

Independentemente da vontade do ego, os complexos aparecem e desaparecem e podem surgir na consciência, causando perturbações verbais, excitações, fantasias, transtornos somáticos, depressões, etc. Quanto maior a autonomia do complexo, maior será a sua tendência a personificar-se. O complexo é um conteúdo psíquico de tonalidade afetiva, consciente ou inconsciente em graus diversos.

Os complexos – as nossas experiências mostram-nos claramente – gozam de marcada autonomia. São entidades psíquicas que vão e vem a seu bel prazer e a sua aparição ou desaparição escapa do domínio da nossa vontade. Assemelham-se a entidades independentes que levassem no interior da nossa psique uma espécie de vida parasitária. O complexo irrompe na estrutura ordenada do eu e aí fica, ao sabor da conveniência. (JUNG, 1975, p. 207).

É o caso de algumas psicoses em que a pessoa ouve vozes como manifestação consciente de um complexo inconsciente; todavia o complexo nem sempre é patológico. Sua existência indica que algo está dissociado, mas pode ser integrado na consciência. Essa integração pode abrir alternativas de realização, pois o que torna um complexo patológico é seu grau de domínio intenso sobre a consciência, sua autonomia e os transtornos psíquicos que pode causar (JUNG, 1975; WILKINSON, 2009; 2010; KNOX, 2012; KALSCHED, 2013b).

No texto sobre os eventos que sacudiram a Alemanha na Segunda Guerra Mundial, intitulado “Votam”, Jung (1993) propõe um modelo baseado na teoria dos complexos para explicar o comportamento agressivo do povo alemão, a partir de pressupostos que consideram o inconsciente coletivo como determinante para se compreender esse comportamento, durante a Segunda Guerra Mundial.

Após os eventos de 11 de setembro, nos Estados Unidos, o conceito do complexo de Jung foi ampliado, de sorte a incluir experiências grupais, sociais e culturais traumáticas. Surge, assim, o conceito de complexo cultural. O complexo cultural, proposto por Thomas Singer (2004), é um desenvolvimento natural da teoria dos complexos de Jung e do conceito de inconsciente cultural de Joseph Henderson (2004). O conceito de complexo cultural vem sendo utilizado por  junguianos para se referir aos complexos afetivos comuns a um grupo e para denominar sentimentos compartilhados pelos membros de uma sociedade, ou mesmo de uma cultura (BOECHAT, 2012).

Traumas externos produzem danos no mundo interior do sujeito. Trauma repetitivo para um povo ou grupo resulta na criação do complexo cultural que, por seu turno, estimulam frequentemente a ocorrência de outros eventos traumáticos. Um ciclo vicioso de trauma que leva ao complexo, precipitando novos traumas, que reforça um complexo inexoravelmente num efeito cascata em uma natural progressão destrutiva. (GALILI-WEISSTUB, 2004, p. 147).

O complexo pode assumir características de entidade autônoma, agindo sobre a personalidade do sujeito do mesmo modo que uma possessão, conforme narrado na obra “Sybil”(SCHREIBER, 1971), imortalizado no cinema com o filme do mesmo nome, em 1976. Em “Sybil”, a protagonista, Shirley Mason, apresenta uma fragmentação da personalidade em 16 complexos diferentes, sem que um complexo de personalidade soubesse da existência do outro ou tivesse conhecimento da outra personalidade. Por intermédio de uma análise bem-sucedida, todas essas personalidades ou todos esses complexos foram integrados à sua consciência. Até hoje, todavia, a psicologia ainda não se entendeu para compreender o que ocorre nos complexos.

O que fazer, então? Como lidar com um complexo? A análise pode ser um caminho para integrar um complexo à consciência. Quando ocorre tal integração, a energia carregada pelo complexo, oriunda e condensada pelo trauma que o gerou, é dissolvida; e o complexo perde a sua força. Neste caso, não só o complexo perde a sua força, mas o trauma e a compulsão correspondentes desaparecem. A energia que, antes, era consumida pelo trauma e pelo complexo, agora, pode ser integrada à consciência e canalizada para gerar saúde, criatividade, equilíbrio, energia e, até, espiritualidade.

A obra “The Cultural Complex:Contemporary Jungian Perspectives on Psyche and Society”, coordenada por Thomas Singer e Samuel L. Kimbles (2004), fornece o modelo teórico e suas aplicações à compreensão e análise do complexo cultural e do trauma no sujeito e na cultura, assim como suas consequências psicológicas para grupos e indivíduos no mundo contemporâneo.

Thomas Singer e Samuel L. Kimbles (2004; 2010) apresentam o desenvolvimento e os temas centrais da teoria dos complexos culturais oferecendo um modelo de análise para o complexo cultural e seu núcleo traumático. Os autores demonstram como a vivência do complexo cultural pelo grupo pode atuar no sujeito. A obra fornece, por meio de diversos autores, exemplos históricos e contemporâneos da aplicação da teoria dos complexos culturais, conforme se observa a seguir.

Comecemos com Jacqueline Gerson (2004), que analisa a história e as lendas da conquista do México, para compreender a origem do profundo sentimento de inferioridade e traição que envolve a psique mexicana (GERSON, 2004).

Craig San Roque (2004) aborda, por meio de um selvagem e poético conto impressionista, o complexo cultural dos aborígenes, vivido em um fim de semana em Alice Springs, no meio da Austrália. O objetivo de Craig é levar o leitor ao núcleo do complexo cultural que assola o povo aborígene. Ele busca demonstrar que, fora do sentido inicial de confusão e caos que nasce de uma visão superficial desse povo, existe também a criatividade. Essa visão complementar nasce não só da visão arguta do observador, mas dos efeitos desorientadores e destrutivos do choque entre duas culturas e seus complexos (SAN ROQUE, 2004).

Joseph Henderson (2004) vê a loucura, no eterno Western Foot-race for a Prize, como a base primordial que dá origem aos padrões arquetípicos dos Jogos Olímpicos e que, facilmente, foi congelada em um complexo cultural (HENDERSON, 2004).

Manisha Roy (2004) faz uma importante distinção entre um arquétipo culturaleum complexo cultural, em sua análise sobre o próprio perfeccionismo da tradição e do comportamento puritano (ROY, 2004).

Luigi Zoja (2004) individua o início de um complexo cultural no encontro entre o tempo sagrado, o tempo de Montezuma, e o tempo linear e secular de Cortez (ZOJA, 2004).

Toshio Kawai (2004) utiliza os romances de Haruki Murakami como um quadro psicológico para contemplar a consciência pós-moderna no Japão. Ele retrata essa consciência pós-moderna e seus estados dissociativos como sintoma de uma perda de conexão com os mundos estáveis ​​e duradouros da mitologia e com as estruturas que contêm a cultura e a família japonesa primordial (KAWAI, 2004).

Andrew Samuels (2004) tem um olhar cuidadoso e crítico sobre a prática da psicoterapia ocidental como transmissora inconsciente de seus próprios complexos culturais.

Em outra obra, Thomas Singer e Catherine Kaplinsky (2010) desenvolvem o conceito de complexo cultural com base na perspectiva de inconsciente cultural de Joseph Henderson (1984, apud SINGER; KIMBLES, 2004). Henderson criou um espaço teórico tão necessário entre os níveis pessoal e arquetípico da psique que ele chamou de nível cultural da psique. Esse nível cultural existe tanto na consciência quanto no inconsciente. Nesse texto, Singer e Kaplinsky (2010) trabalham com a teoria dos complexos de Jung a fim de demonstrar a forma como o complexo se manifesta no nível cultural da psique – consciente e inconsciente. A teoria dos complexos aproxima a psicologia analítica de uma psicologia clínica da cultura.

No Brasil, Denise Ramos (2004) desenvolve pesquisas sobre aspectos do complexo cultural em afrodescendentes. As principais pesquisas de Denise Ramos sobre esse tema são: “The influence of ancestrally and skin color in self esteem and identity: a comparative study between graduate students from São Paulo and Salvador” (RAMOS, 2009a); “Creativity and art as part of the elaboration of trauma brought on by slaver” (RAMOS, 2009b); “Identity formation and feelings of self-esteem: a comparative study between black and white students” (RAMOS, 2010); “Non Ducor; Duco, I am not led, I lead” (RAMOS, 2012); “Formação da Identidade e sentimentos de autoestima: um estudo comparativo entre jovens brancos e negros” (RAMOS, 2015).

Denise Gimenez Ramos (2008; 2009a) relaciona o complexo cultural com a corrupção no país, em uma análise cuidadosa da psique coletiva do povo brasileiro. Ela afirma que “[…] a corrupção não é apenas uma questão de ética ou ganância, mas também um sintoma patológico na identidade coletiva do Brasil, que, pelo menos parcialmente, origina-se a partir de um complexo cultural de inferioridade” (RAMOS, 2004, p. 104). Na pesquisa “Non Ducor, Duco, eu não sou conduzido, conduzo”, Ramos (2012) analisa as raízes históricas e culturais do complexo cultural de poder dos paulistanos cidade de São Paulo.  

Gustavo Barcellos (2012) investiga as bases arquetípicas do monoteísmo do Mediterrâneo e compara essas bases com a cultura latino-americana. Ele apresenta as contrições da cultura sul-americana, a brasileira em especial, com seu politeísmo, para a compreensão do complexo cultural nessa região do mundo (BARCELLOS, 2012).

 Walter Boechat (2012), no artigo “Racismo cordial, raça como complexo cultural”, traça um paralelo entre as imagens do povo brasileiro, baseadas no mito do homem cordial, construídas por Kidder e Fletcher, em 1844 (1941), e divulgadas por Sérgio Buarque de Holanda (1978), com a possibilidade da existência, no Brasil, de um racismo cordial dissimulado (BOECHAT, 2012).

Liliana Wahba (2012) descreve os complexos culturais da cidade de São Paulo por meio da análise dos grafites. Por seu turno, Brian Feldman (2012) analisa as experiências de crianças e adolescentes e o impacto dessas experiências na vida adulta, como resultante do complexo cultural (WAHBA, 2012).

A partir da revisão da literatura, podemos afirmar que complexos culturais surgem de traumas sofridos pelo grupo, com a vivência do genocídio, dos horrores da escravidão, da perversidade das guerras, das chamadas “limpezas étnicas”, eventualmente, da humilhação pela exclusão social e econômica e, obviamente, do preconceito racial. Os complexos originam-se também de traumas, choques emocionais que, de certa forma, cindem a consciência. Os complexos culturais são, por natureza, autônomos. “A hipótese pela qual os complexos são psiques parcelares cindidas, tornou-se uma certeza. A sua origem, a sua etiologia é muitas vezes um choque emocional, um traumatismo ou qualquer outro incidente análogo, tendo por resultado a separação de um compartimento da psique ”(JUNG, 1975, p. 228).

Por isso encontramos provas inegáveis de complexos em todos os povos em todas as épocas. Os monumentos mais antigos da literatura falam-nos deles. A epopeia de Gilgamesh descreve a psicologia do complexo de potência com uma maestria inegável, e o livro de Tobias, no Antigo Testamento, refere-se à história de um complexo erótico e de sua cura. (JUNG, 1975, p. 232).

O complexo tem um conteúdo pessoal e outro arquetípico. O trauma pessoal ou coletivo deixa um rastro, uma marca no sujeito e no grupo. Essa marca é quase sempre de natureza afetiva e emocional. O núcleo do complexo é representado, em geral, por um arquétipo e, ou, um daimon. “O núcleo arquetípico confere aos complexos o seu caráter universal típico”, como, por exemplo, “o complexo de inferioridade/superioridade”, os “complexos parentais”, vários complexos sexuais (Édipo, Electra) e assim por diante (KALSCHED, 2013a, p. 169).

Os traumas históricos que se encontram na base dos complexos, no sujeito e na cultura, são transmitidos de forma intergeracional pela experiência comum das vivências de sofrimento compartilhadas, pelas histórias do grupo e pelo não dito. A esses traumas, podemos acrescentar ainda aqueles causados pela humilhação constante, exclusão social e econômica a que são submetidos os grupos marginalizados pelas classes dominantes. Pode-se facilmente adicionar aos traumas grupais, os traumas socialmente estruturados, produzidos por meio da miséria, da exclusão social e da degradação diária de milhões de pessoas, cujo sofrimento foi-se tornando invisível pela sociedade e visível pela diferença na cor da pele (KIMBLES, 2004).

O trauma histórico transgeracional da escravidão pode encontrar-se na base do complexo cultural de quilombolas. O trauma transgeracional e o complexo cultural podem ser personificados e presentificados nos sonhos, narrativas, memórias, etc. e, dessa forma, afetar o autoconceito e a autoestima de quilombolas. No próximo capítulos, discorreremos sobre alguns aspectos desses constructos teóricos que interessam ao escopo desta pesquisa: o kairós, o tempo presente, o tempo da mente; o sonho, na psicologia analítica; o autoconceito; a autoestima; e o processo de resiliência.

O complexo cultural de inferioridade em afrodescendentes

Denise Gimenez Ramos (2006) abriu os trabalhos sobre complexo cultural no Brasil. Ramos realizou uma pesquisa de campo e com a analistas  sobre corrupção, no Brasil. Nessa investigação, a autora aponta com precisão as possíveis causas do complexo de inferioridade do brasileiro: o mito fundante do Brasil (aquilo que Sergio Buarque chamou de “a visão do paraíso”); a escravidão; as imagens do Brasil no imaginário medieval e os primeiros habitantes, geralmente, degredados e aventureiros. Denise Gimenez Ramos conclui:

A hipótese da existência de um complexo de inferioridade na cultura brasileira foi confirmada pelas três abordagens aqui utilizadas. Tanto a observação de campo quanto a pesquisa social e a opinião de analistas foram homogêneas na descrição de comportamentos mais ou menos conscientes, que invariavelmente revelam um sentimento profundo de menosprezo e abjeção em relação si mesmo. (RAMOS, 2006, p. 118).

Ramos entrevistou 33 analistas e estudantes membros das sociedades de analistas filiados à International Association for Analytical Psychology, à Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica e à Associação Junguiana do Brasil. Os resultados registram que 100% dos respondentes constataram existir um complexo de inferioridade do brasileiro.

O complexo de inferioridade manifesta-se pela baixa autoestima, dependência, insegurança, desvalorização da cultura e de personalidades nacionais, piadas contra si mesmo e depreciação do Brasil frente ao estrangeiro (o eterno retorno do mito do herói civilizador incorporado na pessoa do estrangeiro). Nesse estudo, 80% reconhecem, em suas respostas, a vigência da Lei de Gerson, aquela segundo a qual o mais importante é levar vantagem em tudo. Desses informantes, 70% indicaram ainda a falta de limites e o prazer de depreciar e desrespeitar as leis, normas e sinais de trânsito. Dos entrevistados, 60% fizeram referência à ausência de heróis míticos nacionais; 30% referiram-se ao brasileiro como narcisista, exibicionista e permissivo em excesso; e 20% avaliaram que a tipologia do brasileiro tendente ao extrovertido o fazem inferiorizado em face de sujeitos de cultura introvertida. A conclusão da pesquisa de Ramos e Machado:

Poderíamos, portanto, afirmar que os analistas identificaram por unanimidade um complexo de inferioridade que apresenta vários sintomas, predominantemente: baixa autoestima e vergonha da identidade cultural. Os comportamentos patológicos de corrupção, malandragem e desobediência a leis poderiam ser consequência deste complexo de inferioridade. (RAMOS; MACHADO, 2004, p. 9).

Em outra pesquisa realizada por Denise Ramos e Renata Winning (RAMOS; WINNING, 2009) sobre “A Formação da Identidade e Sentimentos de Autoestima: Um Estudo Comparativo Entre Jovens Brancos e Negros”, as autoras estabeleceram como objetivo principal observar os sentimentos de autoestima e de identidade em estudantes negros e brancos de nível fundamental II e médio. A investigação foi realizada com 164 sujeitos. Foram testadas 10 hipóteses nessas pesquisas. Denise Ramos utilizou como definição da cor da pele a nomenclatura branco, mulato e negro, por ser a mais usual no meio onde foi realizada a investigação.

Foram estudadas sete qualidades: beleza (bonito e feio), autoestima (gosta de si e não gosta de si), status social (pobre e rico), sucesso profissional (bem-sucedido profissionalmente e fracassado profissionalmente), sociabilidade (muitos amigos e poucos amigos), identificação racial (parecido com você e não parecido com você) e ideal de ego (com quem gostaria de se parecer e com quem não gostaria de se parecer). As pesquisas de Ramos supracitadas apontam para existência de um complexo cultural do negro em relação branco em quase toas as variáveis verificadas  (RAMOS; WINNING, 2009, p. 50-51).

Quando apresenta a corrupção como sintoma do complexo cultural brasileiro, Denise Gimenez Ramos ressalta, na pesquisa “Corruption: symptom of a cultural complex in Brazil” (2004), o trauma da escravidão como uma das possíveis causas desse complexo cultural. Das variáveis causais apontadas por Ramos (2006) para a existência do complexo cultural de inferioridade do brasileiro, destacamos a escravidão como a mais importante e menos pesquisada no Brasil.

Considerações Finais

A Alemanha na Segunda Guerra Mundial é analisada por Carl Gustav Jung no “Votam” (JUNG, 1993). No entanto a teoria do complexo cultural foi revisitada e ampliada recentemente, na obra “The Cultural Complex:Contemporary Jungian Perspectives on Psyche and Society”, coordenada por Thomas Singer e Samuel L. Kimbles (2004). As dificuldades para se trabalhar com essa teoria são de três naturezas: a subjetividade do conceito de complexo cultural; a subjetividade do pesquisador; e o aspecto folclórico da teoria.

  1. A subjetividade do conceito de complexo cultural – a teoria dos complexos aponta para eventos de natureza puramente inconscientes, absolutamente subjetivos. Objetivar o subjetivo não é uma tarefa simples nem fácil para o pesquisador.
  2. A subjetividade do pesquisador – esta dificuldade decorre da primeira. É necessário que o pesquisador aceite a teoria dos complexos como fato psicológico objetivo para operacionalizar a teoria, o que nem sempre é factível.
  3. O aspecto folclórico da teoria – a teoria do complexo cultural por debruçar-se sobre aspectos visíveis de grupos e povos humanos pode favorecer o levantamento de hipóteses preestabelecidas. Tal procedimento corre o risco de tornar a teoria dos complexos culturais, uma psicologia do senso comum.

As razões apontadas obrigam o pesquisador que trabalha com a teoria dos complexos a um esforço maior de objetividade em sua pesquisa para não comprometer os resultados alcançados com tanta subjetividade. Registra-se, todavia, a total impossibilidade de se realizar pesquisas em psicologia clínica da cultura, tendo como background (substrato) a psicologia analítica sem considerar a subjetividade. A subjetividade, no mais das vezes é o próprio foco e objeto da pesquisa.

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