O MÉTODO CIENTIFICO EM KARL POPPER

Antonio Maspoli

Introdução

Karl Popper(1975),é considerado um dos mais influentes filósofos da ciência contemporânea ,nasceu e viveu em Viena,exilando-se,após a ascensão do nazismo,na Nova Zelândia,de onde migrou para a Inglaterra.

Na Inglaterra foi professor na London School of Economics da Universidade de Londres onde fundou um importante centro de investigação científica.

Popper,(1978) nega seu envolvimento com o círculo de Viena que segundo Japiassu,(1990) o influenciou profundamente. Popper( 1978,op.cit) nega também que seja positivista. Tudo leva a crer que ele queria fundar uma escola própria de filosofia da ciência no entanto sua obra tornou-se conhecida como uma nova concepção do positivismo.

Japiassu(1990) afirma que a principal contribuição de Popper a filosofia da ciência consiste na formulação da noção de fasificabilidade como critério fundamental para a caracterização das teorias científicas em face da críticas desfechados contra o método indutivo.

Neste trabalho será trazido à baila as contribuições deste autor especialmente quanto ao do método científico e especialmente sua contribuição para a refutação e aperfeiçoamento das teorias científicas. Será abordada ainda a crítica de Popper pôr Smith,(1981) a fim de ampliar a compreensão da obra deste importante epistemólogo.

As Etapas do Método Científico Em Popper

Popper (1978) afirma que grande é o conhecimento adquirido pela humanidade e muito maior a sua ignorância. Do choque do conhecimento humano com a sua ignorância surgem naturalmente os problemas e estes são o ponto de partida da investigação científica. O método científico em Popper é complexo. Gewandsznajder(1989) apresenta um sistematização do pensamento poperiano sobre o método científico que transcrevemos abaixo:

a)A atividade científica desenvolve-se a partir de problemas.Sabe-se hoje que a coleta de dados ou observações puras, antes usados e tidos como adequados não dão resultados produtivos, pelo fato de que nunca chegaremos ao fim nessa coleta de dados.

b)Não existe esta observação pura, visto que, nesta coleta de dados deve-se escolher dados que tenham relativa coerência com o estudo em questão e isto nada mais são do que hipóteses.

c)Nossa curiosidade só é aguçada quando percebemos que algo foge a regra do nosso conhecimento ou não sai como esperado.Um bom cientista tem sempre uma curiosidade em assuntos que para todos pareceria ter um fim em si mesma.

d) As hipóteses científicas devem ser passíveis de teste .Para cada assunto a ser estudado existem inúmeras hipóteses.Por existirem muitas hipóteses sempre admitamos que esteja erradas.Uma hipótese dará ao cientista várias possibilidades a serem verificadas.Deve-se tomar cuidado com as hipóteses pois os fatos apesar de apoiá-las não as torna verdadeiras, porque podem surgir novos fatos contrários às hipóteses.

Para Karl Popper(1978) , a melhor maneira de se confirmar uma hipótese é tentar através de experimentos, refutá-las.Hipóteses para as quais não possamos imaginar alguma experiência capaz de refutá-las não fazem parte da ciência. As hipóteses que ficam imunizadas contra a refutação sendo confirmada pôr praticamente qualquer observação ou experiência são desprovidas de interesse científico, porque nada proíbem, ou então proíbem muito pouco.

e)A busca de explicações amplas e profundas para um objeto desconhecido são as teorias científicas ciência não é um conjunto de leis isoladas, mas sim uma reunião de leis, hipóteses conceitos e definições interligados e coerentes, formando teorias científicas. Vemos assim que a ciência não se contenta em formular generalizações, mas procura incorporar estas generalizações a teorias de forma que aquelas possam ser deduzidas e explicadas a partir da teoria. Assim, a ciência progride, formulando teorias cada vez mais amplas e profundas, capazes de explicar uma maior variedade de fenômenos. Entretanto, mesmo as teorias mais recentes devem ser encaradas como explicações apenas parciais,provisórias e hipotéticas da realidade.

f)A objetividade da ciência .A ciência não é apenas uma forma de conhecer o mundo, mas também uma atividade que influencia, e é influenciada, pôr fatores políticos, econômicos, culturais etc., e, como qualquer outra atividade, pode ser bem ou mal utilizada.Há uma diferença fundamental entre crença e conhecimento objetivo. Afirmar que a ciência é objetiva não significa dizer que suas teorias são verdadeiras. A objetividade da ciência não repousa na impassibilidade de cada indivíduo, mas na disposição de formular e publicar hipóteses para serem submetidas a críticas pôr parte de outros cientistas; na exigência de que a experiência seja controlada e de que outros cientistas possam repetir os testes. Pôr isso para podermos avaliar as teorias procuramos critérios não apenas experimentais mas também lógicos e metodológicos.

A idéia de verdade assim como as idéias de validade e uniformidade da natureza entre outras, funcionam como normas para guiar a prática da ciência e busca de critérios metodológicos pôr parte do filósofo da ciência, mesmo que esses critérios utilizados possam ser questionados e substituídos pôr outros, e mesmo que os cientistas em sua prática sejam igualmente influenciadas pôr pressões econômicas e ideológicas para a objetividade da ciência.

Em última análise esta escolha terá profundas conseqüências de ordem moral e social, uma vez que abdicar da idéia de verdade e da possibilidade de discussão crítica é, implicitamente, apoiar soluções arbitrárias, autoritárias dogmáticas e até mesmo violentas para decidir uma disputa científica.

O Problema da Indução.

A investigação científica tem início ao se perceber a existência de um problema e continua com as tentativas de se encontrar hipóteses par solucioná-lo.

David Hume(1989) questionou o método da indução, dizendo não se poder justificá-lo racionalmente. Desde então os filósofos vêm tentando responder as críticas de Hume.

Para os não-indutivistas a indução não se justifica. Não tem relação com o método científico ou o conhecimento comum os resultados do método indutivo estariam na seara das crenças,valores e ideologias.

Para Popper(1975) a indução não existe.Uma das preocupações dos filósofos é levantar questionamentos, dúvidas sobre as verdades tidas como inquestionáveis. Foi o que Hume(1989) fez a dois séculos atrás, ao questionar a indução que até hoje nos parece evidente e clara.

Admite-se como verdadeiro aquilo que supostamente se quis demonstrar. Além disso a indução não funciona sempre. Logicamente não justificaríamos a indução, nem com a lógica nem com a observação se justificam os fenômenos. Para Hume(1989) a idéia de necessidade causal é um fenômeno psicológico sem conexão necessária com o mundo real.

Watkins(1979, apud Gewandsznajder,1990) sintetiza a crítica de Hume ao método indutivo,com as seguintes observações: somente a interferência dedutiva é valida;todo o conhecimento do mundo exterior vem da observação; só a experiência decide a verdade sobre este conhecimento.A indução não tem caráter lógico, as leis universais e as teorias científicas tem caráter conjectural e hipotético.Popper,(1975) afirma que a aprendizagem se dar pôr tentativas,ensaio-erro e que nas ciências a certeza é substituída pela probalidade através da refutação.

O Problema da Refutabilidade na Avaliação de Teorias Científicas.

De onde devemos partir na avaliação de teorias científicas? Popper(1978) propõe partirmos de algum conhecimento prévio do senso comum ou da lei científica, das disposições inatas, das idéias filosóficas.

Onde chegaremos? Conclui-se que nunca chegaremos às últimas fontes do conhecimento. Pois toda fonte está aberta ao exame crítico segundo Popper(1975,op.cit) a corroboração de uma hipótese nada indica sobre o futuro desempenhado dessa mesma hipótese. Pôr quanto tanto mais a submetermos a testes, maior será sua corroboração e as que tiverem maior probabilidade serão menos refutáveis. O conhecimento humano será sempre um conhecimento provisório expresso em teorias,que são explicações provisórias para fatos ainda pouco conhecidos.

A obra de Smith, (1981) aplica a método de Popper,(1978) a avaliação de teorias e consiste numa crítica à racionalidade da ciência e, ao mesmo tempo, se constitui numa proposta de racionalidade crítica: Uma metodologia mais abrangente e consistente da ciência.

Segundo Smith,(1981,op.cit) A imagem que a comunidade científica gosta de projetar de si mesma, e certamente a imagem que a maioria aceita, é a de racionalidade pôr excelência. Esta imagem é uma reflexo da identificação da comunidade científica com o método científico. Esta identificação é que se constitui no paradigma da ciência e a coloca para além do bem e do mal, numa gritante alienação de que o cientista não é apenas o produtor da ciência, ele é também produto da mesma.

Seu paradigma é apenas o mapa, o caminho que leva ao saber e ao mesmo tempo é parte importante deste saber. Sem este caminho, sem este mapa, o cientista está perdido em perquerições puramente metafísicas e irracionais e a ciência não passa de um amontoado de afirmações, quando muito pode apelar apenas para o conceito da autoridade científica a fim de comprovar o inaceitável.

O autor supracitado,Smith,(1981) critica a postura racionalista que pressupõe a comparação ou mensuração de teorias científicas, que afirma que uma teoria T1 deve ser abandonada em favor de uma teoria T2, desde que T2 seja comparativamente melhor que T1, e diz que T1 só será considerada melhor que T2 se e somente se:

1. T2 apresentar maior conteúdo empírico que T1.

2. T2 justificar os sucessos de T1.

3. T2 não foi julgada falsa, e T1 foi.

Segundo o autor, a proposição leva a uma concepção estática da ciência e tal concepção vem sendo abalada pôr críticas abalizadas de epistemólogos, historiadores, sociólogos do conhecimento e demais filósofos da ciência, dentre os quais Lakatos, Kuhn e Feyerabend(1983,1962,1977,apud Smith,1981). Estes críticos apresentam uma nova proposta de racionalismo científico mais dinâmico e atual.

Partindo de uma crítica ao instrumentalismo e ao relativismo, Smith,(1981)vai paulatinamente afirmando o seu realismo científico. Para ele, o instrumentalismo serve apenas para avaliar uma teoria quanto a sua veracidade ou falsidade e tal avaliação é realizada em relação aos instrumentos da ciência e pôr basear-se mais na lógica intuitiva do que na lógica clássica, é irrelevante.

Já o relativismo esvazia o conteúdo da ciência e da verdade pôr submeter-se aos caprichos da lógica contextual do pesquisador e do seu método

A sua proposta é uma tentativa bem sucedida de combinar racionalismo e bom senso. Sua reflexão principia pela afirmação da dificuldade entre o estabelecimento da relação da teoria com a observação. È esta relação, a principal dificuldade na construção de uma Teoria. A dificuldade primária em construir uma teoria é superar a inatingível relação entre a teoria e observação.

A Refutabilidade Como Critério Para Distinguir A Ciência Da Não- Ciência

Popper(1978) percebeu que enquanto algumas teorias corriam o risco de serem refutadas caso o efeito previsto não ocorra, outras não fazem previsões que podem ser testadas e refutadas experimentalmente.

Pois de acordo com Popper(1978,op.cit), uma teoria para ser considerada como ciência, deveria ser capaz de entrar em conflito com certos acontecimentos. Ainda que Popper diz que o fato de uma teoria ser refutada, não devemos abandoná-la facilmente, pois agindo assim jamais descobriremos todas as suas possibilidades.

Uma objeção que se faz às análises de Popper é que elas partem do princípio de que há um método único para as ciências naturais e sociais e segundo alguns, as ciências sociais ou humanas possuem métodos próprios, diferentes dos da ciência natural.

Quanto maior a refutabilidade e rigor dos testes entre outros requisitos maior será o grau de cientificamente de um campo de conhecimento.

A partir das idéias de crítica e refutabilidade, podemos extrair uma série de regras mais específicas que se cumpridas contribuições para aumentar a cientificidade de um campo de conhecimento. Todo o conhecimento deve ser sempre questionado tendo-se em mente e necessidade de mais investigação procurando novas hipóteses para resolver os problemas ainda pendentes.

Se quisermos que nosso conhecimento progrida, é necessário buscarmos o confronto com a experiência, procurando refutar nossas hipóteses, através de testes severos, e é necessário também conseguir algum grau de comprovação. Além de querer que o resultado possa ser repetido pôr outros observadores e que possa ser submetido a testes independentes. Assim aumentamos a objetividade e o rigor do teste, descobrindo mais facilmente possíveis erros e conseguindo resultados mais confiáveis.

Algumas coisas devem estar em nossa mentem, quando nos defrontamos com algum tipo de conhecimento que pretende fazer previsões, explicar fenômenos do mundo ou ser aplicado para fins práticos, como o de curar doenças, prever traços da personalidade e acontecimentos futuros, influir no comportamento de uma pessoa e etc., devemos nos perguntar se neste campo é possível,(Smith,1981):

a) Usar a lógica e a matemática para eliminar contradições, deduzir previsões e elaborar modelos;

b) Procurar leis gerais precisas e profundas para explicar os fatos;

c) Testar e refutar hipóteses através de experimentos controlados;

d) Estabelecer pontos de contato com outras áreas da ciência;

e) Criticar os princípios, os métodos e os resultados obtidos .

As grandes perguntas que Smith(1981) procura responder ao longo de parte considerável de sua obra são as seguintes:

a) Como avaliar uma teoria? Quais os critérios veros ou tredos nesta avaliação? Será que existem tais critérios?

b) Como ocorre a mudança de um sistema epistemológico historicamente aceito, para uma novo e as vezes revolucionário? Quem avaliza tal mudança?

c) Como sair do racionalismo positivista estático sem cair necessariamente num inconseqüente holismo metafísico?

d) Que método científico contempla, sem perder o caráter de cientificidade, a objetividade e a subjetividade de cientista e sua ciência?

O racionalismo procura responder a estas questões afirmando que as teorias são mensuráveis. Isto é, a Teoria T1 deve ser substituída pela Teoria T2 sempre que houver evidências da superioridade de T2.

O autor considera esta proposição simplista demais. Popper(1978) tenta salvar o racionalismo propondo o critério de refutabilidade. Isto é, uma teoria que pode ser refutada no todo ou em parte, deve ser considerada científica, e cita para comprovar a sua tese o caso da física newtoniana e da psicanálise. Como a física de Newton foi refutada pela teoria da relatividade, deve ser considerada científica.Quanto a Psicanálise como suas teorias não podem ser comprovadas ou refutadas é considerada apenas uma teorias que ainda se encontra no campo das crenças.

Destaquei neste trabalho, especialmente as contribuições de Smith,(1981) que são relevantes para a crítica e avaliação de teorias científicas.

a) A noção de Paradigmas. Paradigmas são realizações científicas que servem de modelo a toda pesquisa. São a pedra de toque da ciência. Determinam que tipo de leis e teorias são válidas, que tipo de dados serão colhidos, que problemas são relevantes, que relações devem ser propostas e até mesmo como os problemas devem ser percebidos.

b)O Valor heurísticos das teorias.Estribado no conceito de paradigma, afirma a incomensurabilidade das teorias. No máximo, segundo ele, elas podem ser avaliadas quanto ao seu valor heurístico e isto, pôr padrões gerais, tais como:poder de predição das teorias;simplicidade; capacidade de resolução de problemas; eficiência da teoria.

Smith,(1981,op.cit) conclui que a ciência é histórica, ligada a fatores sociais e pôr isso mesmo, não perde de todo, a subjetividade. As ciências objetivas, chamada de ciência normal é aquela que se enquadra nos paradigmas da comunidade científica. Ciência revolucionária ou extraordinária é aquela que rompe com o paradigma existente e cria o seu próprio, produzindo um corte epistemológico no conhecimento.

O corte epistemológico, o rompimento que um novo conhecimento provoca em relação a um antigo é totalmente revolucionário.A ciência progride ao sabor do surgimento das teorias que surgem e se desenvolvem livremente no mundo científico.Não existem normas de mensuração de uma teoria. Não existem normas que distingam a ciência da pseudo-ciência.

A ciência é histórica e a escolha entre ciência e nâo ciência também o é.Não existe objetividade científica .A tão propalada objetividade pode ser considerado apenas quanto ao valor heurístico de uma determinada teoria,(Japiassu,1975).

Smith,(1981,op.cit.) é um crítico de Popper (1978)e propõe a semelhança deste, critérios mais simples de distinção entre a ciência e pseudo-ciência.

A principal crítica de Smith a Popper é a afirmação de que este tente a representar o seu esforço científico como mais uma tentativa de resolver o conflito entre teoria e senso comum, e que seu critério de falsificabilidade não segue o modelo da história da ciência na validação de novas teoriasa.Lakatos (1983 apud.Smith,op.cit.),responde aos argumentos do fundador do neopositivismo com os seguintes argumentos: teorias científicas são irrefutáveis; o que se pode fazer é uma comparação entre um conjunto de teorias.Tal comparação é chamado de Programa de Pesquisa Científica.

O Programa de Pesquisa Científica é formado pôr um núcleo ou centro da teoria e um cinturão periférico, protetor, formado pôr hipóteses auxiliares,que são o fator heurístico da teoria.Mudança no núcleo da teoria, significa mudança no programa.O que geralmente se muda, que se pode mudar, é o cinturão periférico.

O progresso da ciência vai ocorrer em função de mudanças que acontecem nas hipóteses auxiliares as quais podem ser corroboradas cientificamente.O Programa rejeitado quando não for mais capaz de prever fatos novos.

Um Programa Forte é aquele que vai recolher sua fundamentação filosófica na Sociologia do Conhecimento.Sua tese principal é de que a formulação e avaliação de uma teoria científica são determinadas pelas condições sociais de uma época.O progresso da ciência é explicado historicamente Smith(1981, op. cit.) propõe inclusive que a comunidade científica assume esta historicidade ao propor que as teorias sejam avaliadas pelo voto da maioria dos membros desta comunidade.

O que a ciência deve considerar quanto a uma teoria são os seguintes fatores : a causalidade natural e social desta teoria; a imparcialidade e simetria da teoria ; a reflexibilidade da teoria considerada.

Não deve haver nenhuma preocupação quanto aos aspectos relacionados a veracidade ou falsidade de uma teoria, nem quanto a sua racionalidade ou irracionalidade, sucesso ou fracasso .O que o cientista deve buscar é aquela simetria entre um conjunto de teorias numa época determinada.Mais uma vez é reafirmado o caráter de subjetividade da atividade científica e a importância do valor heurístico de uma teoria, sobre todos os demais critérios que se possa criar para aferi-la.

Considerações finais

Em sua obra The Rationality of Science Smith,(1981) propõe um novo racionalismo, que o autor vai denominar de “Racionalismo Moderado”. Este “Racionalismo Moderado” é conseqüência das críticas formuladas pela Sociologia do Conhecimento ao positivismo E resume seu pensamento com as afirmações abaixo quanto a mensurabilidade de duas teorias, T1 e T2, nesta nova postura racionalista:

1. Firmeza na proposição de que teorias são incomensuráveis;

2.Afirmação do princípio de comparação entre conjuntos de teorias, proposto pelo programa científico de Lakatos(1983,apud Smith,op.cit);

3. Reafirmação da historicidade da ciência;

4.Substituição das preocupaçõequantoveracidade/falsidade,racionalidade/irracionalidade, sucesso/fracasso de uma teoria, pelo critério da verossimilhança ou da probabilidade de uma teoria, e seu valor heurístico;

5. O método científico pôr excelência é o da comparação operativa de um conjunto de teorias num determinado período de tempo pela comunidade científica.

O autor conclui que o cientista e seu método, não são nunca absolutamente racionais nem puramente irracionais, parafraseando Oscar Wilde que afirmou: “Averdade raramente é pura e jamais é simples.”

O sucesso de uma teoria deve ser avaliado em função do seu grau de corroboração. O método científico não é o da busca da verdade absoluta nem da verdade relativa, mas da verdade e seu método é o de ensaio-erro, este é o método científico pôr excelência.

A teoria é apenas o mapa que o cientista utiliza na busca do seu conhecimento, suas hipóteses são a bússola desta busca, a corroboração a ciência, seu porto seguro. Até que outro intente empreender esta mesma viagem e quem sabe, disponha de um mapa melhor… A racionalidade é o mapa da irracionalidade.

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